O senador Waldemir Moka (PMDB), presidente da Comissão de
Assuntos Sociais (CAS) do Senado, disse ao ministro da Saúde,
Alexandre Padilha que o Congresso Nacional tem como prioridade
encontrar alternativas para o financiamento público do setor. O
ministro foi ouvido pelos senadores da CAS, nesta quarta-feira (24,
para prestar contas da pasta no biênio 2011/12.
O senador, ao destacar que a saúde pública de qualidade é a
principal reivindicação da sociedade, lembrou que o Senado já criou
uma comissão especial só para discutir as fontes alternativas de
recursos. “O Sistema Único de Saúde é um modelo que sempre defendi,
mas os municípios estão arcando com a maior parte da conta. Em
alguns casos, as prefeituras estão investindo até 30%, muito acima
do que a lei determina”, reclamou. Segundo Moka, está havendo uma
municipalização da saúde.
O parlamentar também citou os últimos debates realizados pela
Comissão de Assuntos Sociais e cobrou a atualização das tabelas do
SUS. “Há procedimentos que não tiveram aumento nos últimos dezoito
anos e há exames com preços irrisórios”, lamentou. Moka reconheceu
que a gestão do ministro Padilha garantiu avanços, mas ressaltou a
carência de recursos e os problemas de gestão.
Os senadores presentes também priorizaram o debate sobre
financiamento público e defendem o percentual de, pelo menos, 10%
para os investimentos orçamentários da União na saúde da população
brasileira. Os parlamentares reclamam que o Brasil investe apenas
3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em saúde, muito abaixo de
outros países, inclusive os vizinhos da América Latina. “O Brasil
está equiparado a países como a África, apesar de ser a sétima
economia do planeta”, ponderou o senador Paulo Davim (PV-RN).
Desafios – O ministro Alexandre Padilha, ao fazer o balanço do
ministério nos últimos dois anos, apontou os maiores desafios da
pasta, como a falta de médicos no país, principalmente no interior
e a baixa oferta de profissionais de saúde; a proporção de médicos
estrangeiros no Brasil em relação a outros países; a necessidade de
aumentar a capacidade do atendimento na atenção básica e de alta
complexidade,
Também ressaltou o crescimento do consumo de crack; a
dificuldade de reduzir a taxa de mortalidade materna; e as
constantes queixas dos usuários de planos de saúde, que resultaram
na suspensão de centenas de planos pela Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS). Sobre os recursos públicos a serem destinados no
orçamento da União, Alexandre Padilha defendeu uma lei de
responsabilidade para cada ente da Federação, a exemplo da Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Comissão – O senador Moka informou que a comissão sobre
financiamento público do Senado pretende elaborar projetos de lei
para minimizar os problemas na área em até 60 dias. A expectativa é
de que, nos próximos meses, as propostas comecem a ser discutidas e
votadas na Comissão de Assuntos Sociais.