O Sindicato dos Médicos do Estado do Rio de Janeiro (SinMed-RJ)
está preparando ações que serão impetradas ainda em agosto, no
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-RJ), requerendo que
as operadoras de planos de saúde concedam aos médicos conveniados
reajuste anual, informou à Agência Brasil o presidente da entidade,
Jorge Darze.
Há seis anos, o sindicato entrou com pedido de dissídio coletivo
na Justiça do Trabalho, por entender que o médico conveniado tem um
contrato de trabalho que não é reconhecido pelas operadoras de
planos de saúde para, segundo Darze, não admitir o vínculo
empregatício. “Mas nós entendemos que essa prestação continuada de
serviço em horários pré-estabelecidos configura, talvez não uma
relação de contrato de trabalho, mas está caracterizada uma relação
trabalhista”.
A ação acabou no Tribunal Superior do Trabalho (TST), que
indicou que a melhor forma de reivindicar reajuste não é por meio
de dissídio coletivo, mas por reclamação trabalhista. Darze disse
que a jurisprudência “já está consolidada”, e estimulará o
ajuizamento de ações individuais contra planos de saúde,
reivindicando a correção anual dos procedimentos feitos pelos
médicos.
“Nós temos aí um cenário que ilumina o fim do túnel. Com o
pronunciamento do TST, nós ficamos mais animados ante a
possibilidade de ter um parceiro nessa luta, que são a Justiça do
Trabalho e o Ministério Público do Trabalho”. A meta é que os
médicos passem a ter uma correção anual, como ocorre em relação aos
reajustes fixados para os usuários dos planos.
A relação entre médicos e planos de saúde tem sido litigiosa,
ressaltou o presidente do SinMed-RJ. “É um grande ringue de luta.
Na verdade, não há uma relação de respeito e, muito menos a
contratualização bilateral. O que há é uma adesão a um contrato
imposto pelas empresas aos médicos”.
Ele reiterou que a relação estabelecida pelas empresas de planos
de saúde com os médicos prestadores de serviços é desrespeitosa e
unilateral. Qualquer manifestação que os médicos façam que aponte
falhas ou situações que afetam direitos desses profissionais
acarretam descredenciamentos, “demonstrando pura retaliação a essas
manifestações de insatisfação”, apontou.
No entendimento do SinMed, a Agência Nacional de Saúde (ANS) não
cumpre o seu papel de resolver conflitos. Com isso, os pacientes
têm seus direitos ameaçados ou não são autorizados para a
realização de procedimentos necessários, levando-os, muitas vezes,
a recorrer ao Poder Judiciário para garantir o atendimento global
ao tratamento de sua doença.
Darze acusou as empresas de tratar os médicos com a “política da
glosa”. O termo se refere ao não pagamento, por parte dos planos de
saúde, de valores referentes a atendimentos, medicamentos,
materiais ou taxas cobradas pelas empresas prestadoras – hospitais,
clínicas, laboratórios, entre outros – e pelo profissional liberal
da área de saúde. “As empresas cortam procedimentos realizados
pelos médicos, sem que esse corte se dê por razões justas,
obrigando esse médico a ter que reivindicar o pagamento daquele
procedimento que não foi pago pela empresa. Isso, às vezes, leva
tempo e não há nenhum reajuste em relação aos valores que deveriam
ser pagos na data certa”.
Perguntado sobre a remuneração dos médicos conveniados, o
presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo, que
representa as operadoras de planos de saúde, Arlindo de Almeida,
disse à Agência Brasil que não há condições de se fazer uma
negociação coletiva, “porque o próprio Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) proíbe isso”.
Ele esclareceu que tampouco há condições de ser feita uma
tabela, “como os médicos desejam”, porque isso representaria
uniformidade de preços, o que vai contra a concorrência. A Abramge
não interfere nesse processo. “Ela somente orienta que se pague o
máximo que puder para os médicos”, acrescentou. A negociação é
feita pelas operadoras com os seus credenciados, de maneira
diferenciada. A remuneração varia de acordo com as condições locais
e a oferta de mão de obra e de consumo, explicou Almeida.