O Programa Mais Médicos do governo federal vai passar por uma
espécie de sabatina no Congresso. Nesta terça-feira (27), a
comissão de deputados e senadores que analisa a Medida Provisória
621/2013, que criou o programa, decidiu realizar três audiências
públicas. Elas vão se somar à grande discussão que a Câmara vai
fazer sobre o assunto na quarta-feira (4) da próxima semana.
A concentração dos debates nas próximas três semanas é uma
tentativa de acelerar a tramitação da medida provisória. A MP tem
de ser votada na Câmara e no Senado até 5 de novembro.
O tempo de tramitação virou preocupação da base aliada ao governo,
como explicou o relator da medida, deputado Rogério Carvalho
(PT-SE). “Vamos precisar correr, porque, além das audiências
públicas, tem o trabalho de conversas com os parlamentares, com as
bancadas. Esse trabalho também é importante, precisa de tempo para
isso e para finalizar o relatório, que vai representar um acordo
com chances de aprovação.”
Ao todo, já foram apresentadas 567 emendas ao texto.
O senador João Alberto Souza (PMDB-MA) acrescentou que é preciso
se preocupar com os prazos. “O primeiro [prazo, até 5 de setembro]
já está vencendo e a MP só pode ser prorrogada uma vez.”
Cubanos
A definição da agenda de debates públicos da comissão foi
aprovada após muita discussão. O ponto mais polêmico foi o acordo
entre Brasil, a Organização Panamericana de Saúde (Opas) e Cuba,
que permitiu a entrada de mais de 2 mil médicos cubanos no Brasil
até o final do ano.
Os primeiros 400 já chegaram, mas parlamentares contrários ao
governo alegam que não tiveram acesso ao texto completo do acordo e
que podem existir ilegalidades, como afirma o deputado Mandetta
(DEM-MS). “Existe uma suspeição de analogia a trabalho escravo
nesse convênio. Eu preciso saber se haverá asilo político para
essas pessoas quando elas quiserem debandar. Eu preciso saber se o
passaporte deles vai ser retido.”
Já para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), as suspeitas
são uma estratégia da oposição para atacar o programa do governo.
“Parece que o problema dessa medida provisória é Cuba. Antes era
porque os profissionais não tinham capacidade, porque os
profissionais não têm boa formação, porque as faculdades lá só têm
dois anos, o que não é verdade. Agora o assunto mudou.”
Apesar da tentativa de adiar a definição da agenda, um acordo
definiu que vão ser feitos três debates. Um sobre o exercício da
medicina e a quantidade de profissionais no país, a ser realizado
na terça-feira da próxima semana (3). Outro sobre a formação de
médicos, que será no dia 10 de setembro. E por último, a discussão
sobre relações e condições de trabalho, que tratará também dos
médicos estrangeiros no país. Esta audiência pública está marcada
para o dia 17.