Projeto com
23 ONGs mobilizou cerca de 60 voluntários do laboratório, entre
palestrantes e tutores de projetos práticos
Organizações não-governamentais, ou ONGs,
desempenham papel inquestionável no setor de saúde brasileiro. Sua
importância, no entanto, esbarra nas dificuldades que enfrentam
para subsistir, embora dinheiro não seja o único problema. Parte
delas carece de boas práticas de gestão e capacitação de
profissionais, inclusive para melhorar a qualidade dos serviços
prestados.
A
conclusão é resultado de uma pesquisa feita com estas ONGs pelo
Grupo Fleury, com o objetivo de identificar suas necessidades de
formação e conhecimento. “Primeiro fizemos uma série de entrevistas
internas para detectar nossas potencialidades, e a transmissão de
conhecimento era uma delas”, explica o gerente sênior de
sustentabilidade, gerenciamento de risco, compliance e saúde e
segurança ocupacional do grupo de medicina diagnóstica, Daniel
Marques Périgo.
Da
junção do potencial da empresa com as necessidades das ONGs nasceu
o Projeto Dom, cujo ponto chave é aumentar o acesso a serviços de
qualidade compartilhando o conhecimento acumulado pela corporação.
“A sustentabilidade está em sintonia com nossos objetivos de curto,
médio e longo prazos, com vistas à perenidade do negócio e a melhor
gestão possível dos recursos necessários para o cumprimento das
metas traçadas, assim como dos impactos do nosso desenvolvimento
nas dimensões ambiental, social e econômica”, explica a presidente
do Fleury, Vivien Rosso.
O
primeiro edital para capacitação gratuita de organizações sem fins
lucrativos da Grande São Paulo foi lançado em 15 de outubro de 2012
e amplamente divulgado entre instituições de saúde, médicos e
universidades. Dez instituições foram selecionadas entre as 50
inscritas, como a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia
(Abrale); a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae-SP);
o Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz; e o Voluntariado
Emílio Ribas (VER), entre outras. O primeiro treinamento, com
carga horária de 32 horas, foi todo ministrado por voluntários do
Fleury.
O
conteúdo teórico oferecido a todas as organizações inclui três
vertentes disciplinares: atendimento ao cliente, sustentabilidade
(financeira, ambiental e social) e gestão. “Os três pilares podem
capacitar a instituição a prover um atendimento melhor e mais
humanizado”, explica Périgo. Cada uma das dez instituições
participantes desenvolveu um projeto prático baseado em uma dessas
vertentes e tutorado por gestores do Fleury, beneficiando direta e
indiretamente 31 mil pessoas. Os três melhores foram
premiados.
Evolução
Estes resultados superaram as
expectativas dos envolvidos (voluntários e instituições), e em 2013
o número de inscritos cresceu para 95, sendo que 13 foram
selecionados. Desta vez, o Dom passou a ter abrangência nacional, e
incluiu instituições de cidades de outras regiões do País (Bahia,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul). A nova
capilaridade impõe outro desafio: desenvolver projetos à distância
e montar uma escala de visita com os tutores voluntários, incluindo
o agendamento de reuniões virtuais para tirar dúvidas e plantões
por e-mail e telefone.Somadas as duas edições, foram capacitadas 23
ONGs e 48 pessoas.
Mobilizaram-se cerca de 60 voluntários do Fleury,
entre palestrantes e tutores de projetos práticos, inclusive da
alta gestão. O custo total do projeto ultrapassa os R$ 700 mil,
incluindo a contratação da Lynx Consultoria em Sustentabilidade,
que montou a metodologia de avaliação de necessidades das
organizações e desenhou o programa do projeto.
“Nossas iniciativas de responsabilidade social
são vinculadas aos objetivos estratégicos da empresa”, explica
Vivien. “A estratégia da organização define as metas e os esforços
dedicados à sustentabilidade ao longo do tempo.” A expectativa é
que o alinhamento com as diretrizes estratégicas deve ser
suficiente para garantir a perenidade da iniciativa e torná-la
referência em inovação no País.Além disso, o tema ganhou relevância
dentro do Fleury, que observou um aumento de 5% da base de
inscritos em seu programa de voluntariado empresarial. O
reconhecimento da ação na mídia e em premiações também é
considerado positivo.
Para
2014, o Dom já está em planejamento, e por enquanto a meta é manter
o modelo de abrangência nacional e ampliar a quantidade de
organizações capacitadas.Todas as instituições que ingressaram no
projeto passam a integrar a Rede Dom, que concede, além da
oportunidade de trocar experiências, um programa de benefícios que
inclui doações, mailing de revistas, palestras e descontos em
eventos promovidos pelo Fleury. “Tudo isto está alinhado com o que
acreditamos, nossa missão em sustentabilidade, e consegue levar a
organização para além do trabalho diário. Aumenta o engajamento das
pessoas, melhora o clima organizacional… Há um aprendizado muito
grande para quem se envolve”, diz Périgo.