Operadora contrata CEO e vai investir R$
240 milhões em hospitais e centros médicos
Terceira maior operadora de planos de saúde em número de
beneficiários, a Intermédica tem um novo CEO. Trata-se de Glauco
Abdala, um dos sócios-fundadores da Galeazzi, que deixa a
consultoria por pelo menos três anos para comandar o grupo de saúde
que fatura R$ 1,9 bilhão e tem quase 4 milhões de beneficiários,
entre clientes de planos de saúde e odontológico. Abdala substitui
o médico Paulo Barbanti, de 71 anos, que fundou a operadora em 1968
e, desde então, vinha comandando a Intermédica e agora presidirá o
conselho.
Abdala tem como meta modernizar a Intermédica e prepará-la para um
possível IPO em 2013. Nessa nova fase, a operadora que atua
principalmente na classe popular vai investir, com recursos
próprios, cerca de R$ 240 milhões para a construção e ampliação de
três hospitais e quatro centros médicos em São Paulo e no Rio.
Entre esses investimentos, está a retomada das obras de um hospital
que pertencia à Unimed-SP, cooperativa médica que quebrou em 2001,
e deixou um esqueleto na avenida 23 de maio, um dos principais
corredores de trânsito de São Paulo. Há cerca de quatro anos,
Barbanti comprou o prédio e o respectivo terreno em um leilão por
R$ 23 milhões.
Há quatro anos, Barbanti vinha tentando montar uma equipe de
executivos e conselheiros para a Intermédica. Não sou bom gestor,
faço muita confusão. Vou mais pela intuição. Até agora tive sorte
com essas instituições mas sei que a empresa está precisando de
pessoas que entendam de gestão e governança, disse Barbanti,
ressaltando que as decisões estratégicas continuarão passando pelo
seu crivo. Ele é conhecido por ser centralizador, por isso chama a
atenção a sua decisão de repassar a presidência para Abdala,
executivo que fundou a consultoria ao lado de Cláudio Galeazzi e
tem passagem pela Media l e São Francisco Saúde, entre outras
companhias.
A Intermédica é uma empresa grande, já consolidada, com gastos bem
controlados. O que falta é uma modernização, criar uma gestão
profissionalizado. Enfim, deixá-la pronta para um possível IPO,
disse Abdala.
A ideia de abrir o capital sempre foi veementemente rejeitada por
Barbanti. Foi o Glauco quem me convenceu do IPO. Ele deu três
argumentos para me convencer dessa ideia: a perenização da empresa,
a possibilidade de me tornar consolidador e a sucessão familiar,
uma vez que meus filhos querem apenas ser acionistas da
Intermédica, disse o médico. No fim de 2012, vamos decidir se
abrimos o capital, complementou.
A Intermédica, cujo Ebitda (lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização) foi de R$ 201 milhões em 2010, é alvo
constante de concorrentes e fundos de investimento. Isso porque
atua com a classe popular, que tem apresentado um forte potencial
de crescimento e é uma operadora sem endividamento. O lucro líquido
no ano passado foi de R$ 88 milhões, 8,6% mais que em 2009.
Para o fim de 2012, quando pode ocorrer o IPO, a meta é ter 5
milhões de clientes, alta de 25% em relação a atual carteira. Para
daqui seis anos, a projeção é que esse número salte para 10
milhões.
Para atingir esses números, a operadora vai investir em seguro
saúde, por meio de sua seguradora Notre Dame, e com isso aumentar
sua participação nas classes A e B, onde tem uma presença tímida,
com apenas 137 mil vidas. Hoje, a seguradora só atende executivos
das empresas que são nossas clientes. Vamos oferecer o seguro saúde
para o mercado e, assim, atender toda a pirâmide, afirmou
Abdala.
Nessa nova fase, a Intermédica passa a trabalhar com planos de
adesão e também abrirá seus hospitais próprios para outras
operadoras de planos de saúde.
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