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Startups mostram que inovação é mais do que tecnologia

Fonte: CQCS Data: 22 agosto 2017 Nenhum comentário

Legislação, amadurecimento de mercado, cultura, know-how. Essas são algumas das questões que permeiam a evolução – especialmente a tecnológica – do mercado de seguros. Há muitas novidades no mercado internacional e elas devem, sim, ser aplicadas por aqui. Mas para que isso possa ser uma realidade é preciso diálogo, debate. Partindo do conhecimento dessa necessidade, a Conexão Fintech se apresentou como uma iniciativa para disseminar os esforços de startups que atuam com tecnologias inovadoras para o incremento do setor financeiro e que também olha para o setor de seguros

Esse último contou, na sexta-feira, 18, com expoentes de diversas companhias relacionadas ao mercado discutindo tecnologia, seguros e como conversar e aplicar as expectativas à realidade. O painel Seguradoras e Regulador contou com uma discussão sobre os players como agentes de transformação e fomento às insurtechs. A discussão incluiu a tão polêmica venda online e a necessidade de movimentação do setor.

Ronaldo França, head de Digital, Transformação e Inovação da BNP Paribas Cardif, afirma que o regulador antes era muito restritivo, mas que as novidades deverão levar a um reposicionamento, que mudará isso. Hugo Mentzingen, coordenador geral de TI da Susep estava presente para representar o posicionamento da autarquia. Mentzingen reforçou que é papel do regulador ser mais cauteloso que os demais players, porque a autarquia não pode errar. “Mas, sem dúvidas, nós queremos discutir e fazer o mercado acontecer”, afirmou.

Como prova disso, ele destacou que a Susep criou um grupo para debater e conhecer as novas tecnologias que se apresentam ao mercado. “As insurtechs devem ir além da distribuição, buscando soluções para melhorar a operação e os custos, otimizando o setor”, apontou o diretor que contou ainda que a Susep estuda adotar novas diretrizes, abandonar a certificação digital e utilizar um sistema de login e senha para autenticação. Completando sua fala, Mentzingen ressaltou que “estabilidade do mercado e proteção do consumidor são as principais preocupações da Susep”.

União

Será preciso que todos, regulador, seguradoras, corretoras e startups estejam unidos e atentos às mudanças. As insurtechs não são apartadas das demais companhias, apesar de atuarem de forma autônoma muitas vezes, as startups são parte de um ecossistema que traz oportunidades, conforme abordou José Prado, da Conexão Fintech – idealizadora do evento – que trabalha para fazer a divulgação dessas iniciativas. Durante uma breve apresentação, Prado mostrou algumas das maiores insurtechs do mundo e suas iniciativas. A esperança dele é ver uma brasileira entre as melhores da área.

Mercado segurador,startups,corretores e regulador juntos. Assim se descobre oportunidades e como aplicar ações como peer-to-peer, blockchain e outras soluções. A inteligência artificial tem papel crucial nesse desenvolvimento. Bom exemplo disso é o Watson, iniciativa de I.A. capaz de entender e aprender a partir de seus próprios erros, conforme explicou Guilherme Araújo, da IBM. Essa tecnologia pode ser usada em diversos setores e seu mapeamento de dados de clientes faz com que ela seja capaz de poder aconselhar profissionais.

Quem toma a decisão é sempre o humano, mas o Watson pode ter papel importante,por exemplo, no seguro saúde. Ele pode fazer análises e mapeamentos dos dados de saúde de cada paciente e identificar se o tratamento está sendo adequado ou se pode ser melhorado.

Henrique Volpi, da startup Kakau Seguros, também trabalha em soluções aliadas a dados e inteligência artificial e endossa que mais do que saber quais espaços cada um vai ocupar, é importante lembrar que “o cliente é de todo mundo e cada um tem seu papel no ecossistema da insurtech”. Ele acredita que essas tecnologias que surgem garantirão a experiência satisfatória que os clientes esperam.

Assimilação

Alessandro Maracajá, da Solutions One, afirmou que há dificuldade de assimilar novas tecnologias no mercado. Isso depende de uma preparação que ainda não existe e de integrações digitais que precisam ser descomplicadas e hoje ainda não são.O papel das startups é, justamente, fazer isso acontecer e ampliar o valor agregado das seguradoras. “As seguradoras multinacionais trazem as novidades que têm lá fora,mas muitas aqui ainda não estão atentas ao que está acontecendo”, apontou. Completando que “ser digital não é ter um site, um aplicativo”, mas ir além. “Hoje, um e-commerce que quer vender seguro de maneira rápida, simplesmente não consegue. Há poucas opções de operações B2B no mercado”, provocou.

Blockchain

Blockchain também foi assunto na Insurtech Brasil. Fernando Wosniak, da Direct.One, falou sobre a troca de valores online. Assim como anexos comuns de e-mail, que multiplicam e compartilham informações, o blockchain faz isso com a troca de valores. A grande diferença é que, enquanto uma foto ou arquivo anexado e compartilhado passa a ser de todos os envolvidos, cada um com sua cópia, a transmissão de valores precisava garantir que essa duplicidade acabasse e que as transações funcionassem como funcionam em sistemas financeiros: criando transferências.

O blockchain chegou e conseguiu entregar essa solução com segurança. É impossível hackear o blockchain. Há centenas de milhares de computadores rodando transações que não podem ser deletadas e, se fossem, teriam que ser apagadas de cada um deles, o que é inviável para os ataques.

Além das transações de bitcoins, há também contratos digitais em sistemas de blockchains. Capacitando que negócios aconteçam digitalmente. “O sistema é mais confiável que o certificado digital comumente usado. Blockchain gera apólices, contratos, boletos com todas informações detalhadas. Caso alguém dentro dessa rede seja rastreado, imediatamente perde sua chave de acesso, não sendo possível validar transações por essa chave”, explicou.

Mas por que o Brasil ainda não disponibiliza dessas ferramentas? Para Wosniak é mais que uma questão meramente tecnológica. O País é perfeitamente capaz de criar e importar essas inovações. “Não é só uma questão de tecnologia. A inovação é questão de cultura”, sentenciou.

Foi a isso que o evento se propôs: dialogar. Colocar as ideias em discussão para ajudar a amadurecer os players do mercado e trilhar o caminho para que elas se tornem realidade.

 

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