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Com menos mil homens, gasto da PM do Rio com saúde cresce R$ 10 milhões em 2017

Fonte: CBN Data: 25 abril 2018 Nenhum comentário

A alta dos investimentos não se refletiu em melhores condições na principal unidade da corporação. No Hospital Central, no Estácio, pacientes denunciam a falta de insumos básicos e de estrutura para realização de exames.

A Polícia Militar do Rio diminuiu seu efetivo em 2017, mas aumentou em mais de 24% os gastos com saúde ao longo do ano. Ao todo, foram aplicados 48,422 milhões no custeio de remédios, equipamentos hospitalares e serviços médicos destinados ao atendimento de policiais ativos, inativos e seus dependentes. Na comparação com 2016, os gastos aumentaram em quase R$ 10 milhões nas unidades de saúde da corporação, que incluem dois hospitais gerais, três policlínicas e diversas unidades primárias localizadas nos próprios batalhões da PM. Enquanto isso, a instituição perdeu quase mil homens. A tropa, que tinha pouco mais de 46 mil militares, ficou com 45 mil. Os dados fazem parte de um levantamento feito pela CBN com base em informações do Portal da Transparência do estado do Rio. A alta dos investimentos não se refletiu em melhores condições na principal unidade de saúde da corporação, o Hospital Central da PM, que fica no bairro do Estácio. A mulher de um PM, que não quis se identificar, conta que a unidade é marcada pela falta de estrutura e pela dificuldade na realização de exames.

"O atendimento em si, com relação aos profissionais, não é tão ruim. O problema é a estrutura. A estrutura é precária. Nós temos alguns hospitais que são até conveniados, mas são hospitais que solicitam muitos documentos, é muito burocrático, e as unidades dos hospitais são muito precárias. Muito precárias mesmo, com relação à estrutura, com relação a exames, a todo tipo de serviço."

A esposa de um outro policial militar da ativa conta que teve que lidar com a falta de insumos quando deu à luz seu filho na maternidade do hospital, há dois meses. Ela diz que outras mães chegaram a criar um grupo de Whatsapp pra avisar umas às outras sobre os problemas da unidade. Ela ressalta que os profissionais da maternidade sempre foram atenciosos, mas faltavam insumos básicos.

"Não tinha soro para limpar o nariz do meu filho, me deram água porque não tinha soro. Não tinha papel higiênico lá no banheiro, não tinha copo descartável, gaze não tinha. Não tinha soro, não tinha nada. Eu lembro que meu marido teve que comprar gaze e levar pra mim. Então esse investimento eu não vi."

Ao todo, cerca de 250 mil pessoas, entre policiais e dependentes, têm acesso aos hospitais e unidades de atendimento da Polícia Militar. Para especialista em gestão pública de Saúde Ligia Bahia, o aumento dos gastos da PM em 2017 pode estar relacionado à crise econômica do estado do Rio. Ela diz que, devido à limitação do orçamento doméstico, as famílias dos PMs que tinham plano de saúde particular cortaram esse gasto e passaram a recorrer ao sistema de saúde da própria corporação.

"Houve restrição salarial, relativamente o salário dos funcionários públicos diminuiu. É uma categoria que está tendo que cortar gastos, e, em momentos de recessão, o gasto com plano de saúde é o primeiro que se corta. Isso deve estar acontecendo em tudo que é sistema fechado, como esse da PM. O Rio faliu na saúde, então as pessoas estão tentando se virar da maneira que podem."

Procurada pela reportagem, a Polícia Militar não se posicionou sobre as causas que teriam levado ao aumento dos gastos com o Fundo de Saúde da corporação.
 

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