“A doação de óvulos não consiste em um
simples ato de entrega descontrolada, mas, sim, em uma atitude
pensada e generosa, com o objetivo maior de proteger, preservar,
eternizar, restaurar e conservar a família e o amor”, comenta o
médico ginecologista e especialista em Medicina Reprodutiva Arnaldo
Cambiaghi, diretor do Centro de Reprodução Humana do IPGO.
É importante lembrar que a receptora
precisa ter seu útero preparado com hormônios (estradiol e
progesterona) antes de receber o(s) embrião(ões), que serão
mantidos até o terceiro mês de gestação, quando a placenta passa a
ser a responsável pela manutenção da gravidez. Após o terceiro mês,
a gestação evolui normalmente, sem a necessidade de suporte
hormonal. O pré-natal é igual ao de uma gravidez concebida
naturalmente e a mãe poderá amamentar sem nenhuma diferença de uma
gravidez espontânea.
Compensação econômica?
A doação deve ser voluntária e
considerada uma generosidade da paciente doadora. Óvulos não podem
ser vendidos.
Quem recebe ajuda?
Graças a essa solidariedade a doadora
ajuda:
• Mulheres que tiveram câncer e foram
submetidas a tratamentos oncológicas (quimioterapia) e não produzem
óvulos;
• Mulheres jovens que entraram na
menopausa precocemente (menopausa precoce ou falência ovariana
prematura).
• Mulheres na menopausa cujos ovários
não têm mais óvulos, devido à idade;
• Mulheres com doenças genéticas que
seriam transmitidas aos seus descendentes ou que fazem os ovários
não responderam à medicação.
• Mulheres cujos óvulos não têm a
qualidade suficiente para conseguir gerar um filho.
Programa de Banco de óvulos
Com a vitrificação de óvulos, hoje é
possível que pacientes que precisam receber óvulos não precisem
aguardar que se encontre uma doadora para realizar o tratamento. Os
óvulos podem ficar armazenados até que alguém que precise possa
usá-los.
Quem se propõe a doar óvulos costuma
ter dúvidas que precisam ser esclarecidas
1 – Um dos mais frequentes
questionamentos é o número de vezes que uma mulhrt pode doar
óvulos. O número de ciclos, que são feitos na clínica, depende de
diversos fatores. Legalmente não está determinado um número
especifico de doações. A doação de óvulos não tem efeitos
secundários. Não causa aumento de peso, não acelera a menopausa,
não aumenta a incidência de câncer e nem existe um aparecimento
súbito de acne ou pelos, como alguns acreditam. Doar óvulos não
significa que se esgotem ou que se acelere a menopausa. Uma mulher
nasce com uma quantidade de óvulos ao redor 2 milhões. Na ocasião
da primeira menstruação (menarca) essa quantidade diminui para 300
a 400 mil óvulos. Os óvulos vão se perdendo com o passar dos meses
das menstruações. Em cada ciclo normal começam a crescer cerca mil
óvulos, mas no final só um alcança o desenvolvimento suficiente
para chegar a ovular. Com o tratamento, conseguimos que vários
óvulos alcancem o tamanho adequado para poderem amadurecer sem que
isso afete o total de óvulos que a mulher possui. Portanto,
independente da estimulação ovariana e o número de óvulos que serão
retirados, a perda mensal permanecerá a mesma, mil óvulos por mês.
A reserva ovariana permanecerá idêntica independente de ter doado
ou não parte dos seus óvulos. Apenas o ‘desperdício’ será
evitado.
2 – A doadora não conhece a identidade
das crianças nascidas por meio da Reprodução Assistida: “O
anonimato é total. A lei proíbe expressamente que se revele a
identidade das crianças nascidas por meio dessa técnica. Portanto,
nem as doadoras podem conhecer as crianças, nem estas as doadoras.
A equipe médica realiza a s e l e ç ã o da doadora de óvulos que
procura garantir a maior semelhança fenotípica com a receptora.
Nunca poderá selecionar–se pessoalmente a doadora a pedido da
receptora”, afirma Cambiaghi.
3 – Durante a estimulação dos ovários
até a nova menstruação, depois da punção folicular, não é
aconselhável manter relações sexuais, tanto pelo risco de gestação
múltipla, como pelo risco de torção dos ovários. A doadora não pode
usar contraceptivos.
4 – A punção folicular é realizada em
sala estéril, especializada, com a paciente sob sedação, mas só é
necessário permanecer na clínica durante 2 a 3 horas. Não é
necessário internação. O processo é geralmente bem tolerado e só
excepcionalmente comporta algum risco, como a síndrome da
hiperestimulação dos ovários, o que, hoje em dia, não acontece
graças à combinação de medicamentos antagonista/agonista. “Outros
riscos também descritos, como a infecção, sangramentos abdominais
ou a torção dos ovários, ocorrem raramente. De qualquer forma, o
tratamento é individualizado o e a doadora é acompanhada
periodicamente para minimizar qualquer risco”, explica o
médico.
5 – A doação de gametas e pré–embriões
é definida como um contrato gratuito, formal e confidencial
acordado entre a doadora e o centro autorizado que sejam
respeitados os três requisitos da doação;
• Gratuidade: a doação é um ato
gratuito e altruísta. A doação nunca poderá ter caráter lucrativo
ou comercial.
• Formalidade: o contrato entre os
doadores e o centro autorizado deve efetuar- se por escrito.
• Anonimato: a doação é anônima,
devendo garantir- se a confidencialidade dos dados de identidade
dos doadores. Os filhos nascidos têm o direito por si próprios, ou
por meio dos seus representantes legais, a obter informações gerais
dos doadores, tais como a altura, o peso, o grupo sanguíneo, mas as
informações nunca incluirão suas identidades.
Requisitos para ser doadora de óvulos
• Deve ter entre 18 e 34 anos;
• Deve ser saudável e não ter nenhuma
doença de transmissão sexual ou genética comprovadas por exames
complementares;
• Uma boa reserva ovariana comprovada
pelos exames de sangue FSH e AMH e por ultrassom transvaginal;
• Compreender, aceitar e ter
comprometimento com todas as etapas do processo;
Equipe médica especializada –
Tratamento individualizado
“No IPGO a doadora estará sempre nas
mãos de médicos especializados em medicina reprodutiva, psicólogos
e pessoal auxiliar especialmente dedicado a oferecer um excelente
tratamento humano e profissional. Além disso, será atendida nos
nossos consultórios e salas equipados com a tecnologia mais
moderna, garantido a segurança”, finaliza o médico.
Fonte: Arnaldo Schizzi Cambiaghi é
diretor do Centro de reprodução humana do IPGO,
ginecologista-obstetra especialista em medicina reprodutiva.
Membro-titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Laparoscópica, da European Society of Human
Reproductive Medicine. Formado pela Faculdade de Ciências Médicas
da Santa casa de São Paulo e pós-graduado pela AAGL, Illinois, EUA
em Advance Laparoscopic Surgery. Também é autor de diversos
livros.