Problemas de saúde, isolamento social
causados pela viuvez, separações, distanciamento de filhos e netos,
perda de produtividade, além de depressão e doenças crônicas.
Essas são alguns dos fatores que
contribuem para que os idosos com mais de 70 anos apresentem as
maiores taxa de suicídio no país, segundo dados do boletim
epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde.
O coordenador do ambulatório do
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Rodrigo Leite
ressalta que a população está envelhecendo o que pode gerar outros
problemas.
"A gente está vivendo mais e com uma
qualidade de vida pior e com doenças crônicas que geram
incapacidade, geram sobrecarga familiar, geram empobrecimento por
conta da perda de renda por conta da aposentadoria ou da
incapacidade de trabalhar da questão da crise econômica que leva ao
aumento dos planos de saúde. Se você soma todos esses fatores é um
prato cheio para o risco de suicídio", diz.
O médico alerta também para o número
de casos de alcoolismo entre os idosos.
Em muitas situações a fisioterapia,
associada a outros tratamentos, pode também ser uma aliada para a
saúde mental nessa fase da vida, como explica a fisioterapeuta
Luisa Veríssimo.
"Os idosos com frequencia, eles perdem
essa capacidade de realizar suas atividades de vida diária e
através dos exercícios a gente consegue melhorar essa função ou
devolver essa função ou senão melhorar. Eu acho que o tratamento
fica no meio termo de saber ouvir e ao mesmo tempo identificar
esses sinais que mostram que ele precisa de uma melhor qualidade de
vida, de uma melhor execução do movimento, e casar essas duas
frentes num tratamento global", explica.
Severina Moraes, aposentada do serviço
público, está a caminho dos 70 anos e faz parte de um grupo de
corrida. Ela já passou por um episódio de grande estresse. Para
ela, a atividade física ajudou. Severina aconselha:
"O primeiro passo é sair do sofá. A
vida é assim, tem problemas e tem soluções também. Se você se
identifica com artesanato, vá fazer artesanato. Música, tem aulas
de música. Exércicio físico, yoga".
No ano passado, o Ministério da Saúde
lançou uma agenda estratégica para atingir meta da Organização
Mundial da Saúde de redução de 10% das mortes por suicídio até
2020
Segundo a diretora do Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas da pasta, Thereza de Lamare, o
Brasil está abaixo da média de registro de suicídios em relação a
outros países. Ela ressalta a importância dos dados do Boletim
Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil.
"Nos ajudam a orientar onde a gente
deve atuar, onde a gente deve atuar como a gente deve atuar, de que
forma a gente deve atuar. É uma ação muito importante que nós temos
junto a outras áreas do Ministério da Saúde, aponta.
Thereza de Lamare fala das ações do
Ministério da Saúde.
"Nós iniciamos um trabalho desde o ano
passado, desenvolvendo uma série de ações junto as nossas unidades
de saúde, como também identificando regiões, estados, onde a gente
encontrou uma maior concentração. Nós instituimos o Comitê Nacional
de Prevenção ao Suicídio. Fizemos uma pareceria com o CVV – Centro
de Valorização da Vida", indica.
Quando necessário é importante
procurar ajuda com profissionais, nos serviços de saúde, em
emergências como o Samu e no Centro de Valorização da Vida no 188,
disponivel em todo o país. Lembrando sempre que 90% dos casos de
suicídio podem ser evitados.
Como questão de saúde pública, a
prevenção ao suicídio tem que ir além do Setembro Amarelo e começar
a fazer parte do dia a dia das escolas, universidades, empresas,
enfim, do nosso dia a dia.