A
Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões Complementares (Eiopa, na
sigla em inglês) alertou para a crescente percepção no setor de que
“alguns segmentos estão inerentemente vulneráveis”, em especial os
presenciais, como varejo, aviação e lazer.
O
jornal Valor Econômico reproduziu uma reportagem publicada no
jornal Financial Times nesta quarta-feira, 7, que analisa o Covid
como sendo uma ameaça ao seguro de negócios presencial. De acordo
com o artigo, órgão regulador da União Europeia já alertou que a
pandemia da covid-19 pode reduzir a disposição das seguradoras em
emitir apólices para empresas que dependem do contato presencial
com o consumidor, como lojas, restaurantes e organizadores de
eventos.
A
Eiopa divulgou um relatório sobre estabilidade financeira de 2021
em que alerta para a crescente percepção no setor de que “alguns
segmentos estão inerentemente vulneráveis”, em especial os
presenciais, como varejo, aviação e lazer.
O
relatório alerta ainda que futuras pandemias e medidas de
confinamento são “novas fontes potenciais de inadimplência
correlacionada entre os setores”. Isso, segundo a entidade, leva a
mudanças fundamentais na forma como as firmas de seguros de crédito
comercial mensuram os riscos.
Durante a pandemia, governos de diversos países colocaram em vigor
proteções ao seguro de crédito comercial para compartilhar riscos
com as seguradoras e evitar que elas deixassem de cobrir empresas
durante a crise.
Ainda assim, à medida que o quadro foi piorando, as seguradoras de
crédito comercial europeias reduziram sua exposição total em cerca
de 10% em 2020, segundo a Eiopa.
O
artigo diz que em 2020, as seguradoras pagaram € 3,8 bilhões
mundialmente em apólices de crédito comercial, 12% a mais do que no
ano anterior, de acordo com dados divulgados em junho pela
Associação Internacional de Seguro de Crédito e Caução (Icisa).
Segundo a Icisa, a quantia teria sido muito pior se não fosse pela
série de medidas de apoio governamental, como os esquemas de
licença remunerada, que mantiveram as empresas em operação e em dia
com suas contas.
No
Reino Unido, no fim do mês de junho, antes do fim do programa de
resseguro de crédito comercial, varejistas e outros grupos
levantaram o receio de que as seguradoras passem a reduzir as
coberturas.
O
artigo traz ainda o depoimento de Tim Smith, chefe global de seguro
de crédito comercial na corretora Marsh. Segundo esse executivo, a
maioria dos clientes de varejo tenha conseguido renovar suas
coberturas, as seguradoras analisam os dados financeiros antes de
tomar decisões sobre quanta cobertura devem oferecer.
O
relatório da Eiopa também alertou para os riscos de uma crise
climática e para o crescente número de ciberataques que atingiram
grupos como a Axa nos últimos meses, aumentando a pressão sobre o
segmento de seguros de ciberatividades.
De
acordo com previsões incluídas no relatório, os prejuízos anuais
decorrentes de catástrofes ligadas ao clima na União Europeia e no
Reino Unido deverão mais do que dobrar em relação à média de 30
anos desde 1981, de 22,9 bilhões de euros, chegando a € 45,7
bilhões, em 2050, caso as temperaturas subam 1,5°C e não sejam
tomadas medidas de adaptação ou mitigação.
O
informe calcula que os seguros contra danos causados pelas mudanças
climáticas, como enchentes e secas, poderiam amenizar
consideravelmente o impacto no Produto Interno Bruto
(PIB).
A
Eiopa estimou que 56% dos danos potenciais de furacões e marés de
tempestade (como é chamada a “ressaca”) estão cobertos por seguros
na Europa. Já a cobertura contra danos por enchentes e
desmoronamentos está em 28% e contra temperaturas extremas, secas e
incêndios naturais, em apenas 7%.