Estudo feito pela plataforma de inteligência de dados TEx
Analytics mostrou que mais brasileiros estão optando por seguros
com franquia 50% reduzida este ano
Não
há dúvida que o seguro de automóvel é o mais popular produto do
tipo entre os brasileiros. E o comportamento dos consumidores com
relação a ele tem mudado no último ano.
Segundo levantamento feito pela plataforma de inteligência de
dados TEx Analytics, que tem soluções para
seguradoras, o percentual de pessoas que optou por
fechar um seguro com franquia reduzida em 50% saltou de 60% em
janeiro de 2020 para 75% em julho de 2021.
Aqueles que fecharam o contrato com a franquia 100%, somam
apenas 22% dos fechamentos de contratos do mês passado.
Para Genildo Dantas, gerente de inteligência de dados da
TEx, essa tendência vem ocorrendo porque os corretores
perceberam que a experiência e retenção do cliente é
melhor com a franquia reduzida.
“Com
franquias menores as pequenas colisões são cobertas e a
participação do cliente é bem menor nos sinistros. Reduz a fricção
em um momento de stress”, explica o executivo.
Para
entender: quando um seguro auto é contratado, o cliente precisa
decidir também qual o tipo de franquia que quer: total (100%),
reduzida (50%), ampliada (200%) ou isenta (0%). A
franquia é o valor, em dinheiro, que o contratante deve desembolsar
caso ele se envolva em um acidente ou batida (sinistro) com o carro
e precise acionar a seguradora.
Um
exemplo: considerando um seguro cuja franquia 100% é de R$ 2,5 mil,
se o assegurado bate o carro e o custo de funilaria e mecânica é
estimado em R$ 5 mil, o cliente vai desembolsar R$ 2,5 mil e o
restante (outros R$ 2,5 mil) é a seguradora que arca. Se ele
tivesse franquia reduzida (50%), pagaria apenas R$ 1,25 mil e a
seguradora se responsabilizaria por pagar os R$ 3,75 mil
restantes.
A desvantagem da franquia reduzida é que o preço do seguro em
si é maior, já que, em caso de acidentes, a seguradora
vai ficar com um prejuízo maior. A franquia só não costuma ser
cobrada em casos de perda total.
Segundo Dantas, para contratar a franquia reduzida há um
acréscimo entre 5% e 10% no valor do seguro comparado a franquia de
100%. Ele atribui o aumento do número de contratos com
franquia menor a uma percepção de valor maior por parte dos
clientes, além, claro, de interesse das seguradoras em ampliar suas
receitas, ao considerar que nem todo mundo bate o carro e nem todo
mundo aciona a franquia. Pequenos reparos, por exemplo, geralmente
ficam mais baratos do que a cobrança da taxa e, por isso, acabam
sendo financiados com recursos próprios dos condutores.
“Acredito que essa é uma tendência impulsionada pelo corretor de
seguros e também pelas seguradoras. Diferente de um celular que é
comprado e você já sabe o valor assim que sai da
loja, somente entre 8% e 15% dos clientes do seguro
consomem algum serviço ou tem um sinistro atendido pela
seguradora. Os que não são atendidos acabam tendo baixa
percepção de valor e menor lealdade a seguradora e ao corretor”,
explica.
Seguindo essa lógica, os clientes que utilizam os
serviços de assistência ou são atendidos em sinistros dão maior
valor para o seguro e possuem maior índice de retenção, na
opinião do executivo.
Vale
lembrar que até pouco tempo só era permitida a
utilização de franquia em sinistros de colisão parcial, mas
recentemente a Superintendência de Privados (Susep) permitiu que as
seguradoras possam exigir franquia em caso de perda total, roubo e
furto.
“O
papel do corretor só aumenta com a flexibilização de produtos.
Entre tantas opções, o corretor é a pessoa mais indicada para
orientar o cliente a fazer a melhor escolha”, finaliza Dantas.