Se você é do  tipo que só procura o dentista quando tem algum problema, saiba que as doenças  bucais também precisam de prevenção, não só de tratamento. Segundo a  cirurgiã-dentista Claudia Fugita, da Amil Dental, o dentista deve estar presente  durante toda a vida, desde o nascimento até a velhice, ajudando a evitar o  surgimento de doenças graves e a perda dos dentes.
Entenda como os hábitos  preventivos adotados em cada fase da vida podem interferir positivamente na  saúde da boca:
Primeira  Infância:
Os primeiros dentes começam a nascer, em média, aos seis meses,  mas os cuidados com a gengiva do bebê já devem começar antes. A higienização  bucal com fralda ou gaze umedecida em água filtrada deve ser feita sempre após a  mamada, evitando-se a formação de placa. Após o nascimento do segundo dentinho,  os pais já podem começar a utilizar uma escova especial, porém sem pasta de  dente - que só deve ser introduzida, sem flúor, após o bebê completar um ano. Já  a chupeta só deve ser utilizada, preferencialmente, até os três anos - idade em  que a arcada dentária se ajusta espontaneamente. Após essa fase, o uso  continuado da chupeta pode acarretar abalamento do palato e abertura dos dentes  frontais. A consulta com um odontopediatra, para ensinar a maneira correta de  higienização, deve ser feita a partir do nascimento do primeiro  dente.
Infância:
Quando  os filhos chegam à infância, uma das principais preocupações dos pais é cortar o  açúcar. Mas, para os dentes, o maior problema não é a quantidade de açúcar, mas,  sim, a frequência com que ele é consumido, afirma Claudia Fugita. "O açúcar deve  ser ingerido, de preferência, após as refeições, quando a criança tende a  escovar os dentes imediatamente. Também não é recomendado ingerir doces em um  intervalo menor do que três horas. Além disso, deve-se consumir bastante água,  para estimular a geração de saliva."
Apesar de a dentição de leite estar  completa a partir dos dois anos, os pais só devem introduzir a pasta de dente  com flúor após os cinco. "Isso porque, a partir dessa idade, a criança já tem  coordenação motora para cuspir toda a saliva e também porque a ingestão de flúor  em excesso pode causar manchas nos dentes", explica a dentista, ressaltando que,  nessa fase, a consulta com um odontopediatra é importante para estimular a  criança a criar uma rotina de prevenção.
Pré-adolescência:
É  nessa fase que termina a queda dos dentes de leite - processo este, em geral,  iniciado aos seis anos. A segunda dentição, sem contar os sisos - que costumam  nascer depois -, completa-se por volta dos 13 anos. Mas há vezes em que os  dentes permanentes começam a nascer paralelamente aos de leite, antes de estes  caírem. Nesses casos, um dentista deve ser procurado para que seja feita a  extração do primeiro dente.
Adolescência:
É  na adolescência, até os 18 anos, que costumam chegar os sisos. Mas nem todas as  pessoas dessa geração terão esse dente, alerta Fugita. "A tendência é que ele  desapareça, devido à evolução da nossa espécie. Com o passar do tempo, fomos  comendo alimentos mais moles, que exigem menos força dos dentes. Com isso, o  chamado 'dente do juízo' tornou-se desnecessário e está entrando em extinção".  Nesta fase, é recomendável procurar o odontologista, que pode dar orientação  sobre quais casos em que a extração é necessária.
O uso de aparelho  ortodôntico também deve ser iniciado, preferencialmente, na adolescência, quando  a movimentação dos dentes é mais fácil. "Por ser uma fase de formação  estrutural, o osso é mais movimentável e o resultado desejado é mais fácil de  ser obtido. Mas nada impede que pessoas de qualquer faixa etária, até idosos,  utilizem aparelho. Em alguns casos, inclusive, é necessário", explica a  dentista.
Idade  adulta:
Muitos problemas odontológicos tendem a se agravar na idade  adulta, resultantes da continuidade de maus hábitos ao longo do tempo. Nessa  fase, são comuns doenças como periodontite (acúmulo de tártaro) e gengivite  (excesso de placa bacteriana), que podem levar à perda de dentes - também  ocasionada por outros fatores externos. "A nicotina, por exemplo, estimula a  retenção de placa bacteriana. E hábitos como roer unha, morder caneta e abrir  embalagens e garrafas com a boca podem causar microtrincas nos dentes, levando à  quebra futura", explica Claudia Fugita.
O estresse, mal comum nessa fase da  vida, também leva muitas pessoas a desenvolver bruxismo, distúrbio do sono  caracterizado pelo apertar e ranger dos dentes de forma involuntária. Se não for  acompanhado pelo dentista, o bruxismo pode levar à quebra dos dentes.
Mais  grave, o câncer bucal é outra preocupação que, em geral, acomete os adultos.  Hoje, é uma das principais doenças que afetam a boca, com cerca de 15 mil novos  casos por ano no Brasil."Qualquer ferida ou sangramento que não desapareça em 15  dias é um sinal de alerta. Nesses casos, o dentista deve ser procurado, pois  lesões negligenciadas podem evoluir para câncer", alerta a  odontologista.
Gravidez:
No  caso das mulheres adultas, a alteração hormonal durante a gravidez pode deixar a  boca mais propensa ao acúmulo de placa bacteriana, provocando inchaço e  sangramento na gengiva - a chamada gengivite gravídica. Mas é preciso  desmistificar algumas informações, alerta Claudia Fugita. "Há o mito de que,  durante a gravidez, a perda de nutrientes leva à fragilidade dos dentes, mas  isso não procede. Caso necessite de cálcio extra, o corpo humano pega da reserva  dos ossos, não dos dentes. Também existe o mito de que a mulher grávida não pode  ir ao dentista. Muito pelo contrário, elas devem fazer o acompanhamento com o  dentista durante toda a gestação, assim como fazem o pré-natal, pois doenças  periodontais podem provocar, inclusive, parto prematuro, devido à liberação de  toxinas. Tratamentos em andamento também podem ser continuados, até mesmo com  uso de anestesia, conforme cada caso".
Terceira  idade:
Com acompanhamento odontológico devido, é possível que não ocorra  a perda espontânea ou a necessidade de extração de dentes até o fim da vida.  "Com o envelhecimento, os dentes passam a ter menos vascularização e, assim como  os ossos, são mais propensos à quebra. Mas, em geral, é a falta de manutenção  por muito tempo que culmina na perda. Com o acompanhamento odontológico  constante, a tendência é que as pessoas percam cada vez menos dentes ou até  mesmo nenhum deles", explica a dentista.
Se houver perda de dentes, uma boa  opção hoje em dia é o implante. O que não significa que as visitas ao dentista  devam ser abandonadas, alerta Fugita. "A placa bacteriana também pode se formar  ao redor da prótese implantada. A ausência de dor, porém, não é sinal de que  tudo esteja bem. Muitas vezes, por não haver raiz vital, a dor não aparece, mas  o problema está ali. Dentaduras mal adaptadas também podem causar feridas que,  se não tratadas, correm o risco de evoluir para câncer. Por isso, nessa fase, a  manutenção e o acompanhamento feitos pelo dentista são necessários, até de forma  redobrada", esclarece. Confira o Infográfico .