Boa parte da segunda-feira foi de reuniões para os membros da
diretoria da Chapecoense, que está sendo reformulada após a
tragédia. Além de trabalharem na reestruturação do futebol, os
dirigentes atuam em outras frentes. Sob o comando do presidente em
exercício Ivan Tozzo, que comandará o clube ao lado do presidente
do Conselho Deliberativo da Chape, Plinio David De Nes, uma das
prioridades é assegurar o pagamento dos seguros às famílias das
vítimas.
A condução está nas mãos do
vice-jurídico do clube, Luiz Antônio Palaoro. Uma força-tarefa foi
montada para assegurar, principalmente, o seguro de
responsabilidade da LaMia Aviation Business, empresa responsável
pelo voo da Chapecoense que se acidentou perto de Medellín, na
Colômbia. No entanto, segundo a Chape, não se sabe ao certo se a
companhia cumpriu com o que fora acordado.
– Pelo contrato, a companhia aérea
tinha que fazer um seguro de 50 milhões de dólares (cerca de R$ 170
milhões na cotação atual), mas não sabemos se eles pagaram esse
seguro. A partir de agora, nós vamos para cima, vamos ver o que
pode ser feito. Estamos envolvendo inclusive a OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil), que se colocou à disposição. São inúmeras
ações para fazermos uma força conjunta para atingir o objetivo que
é ressarcir todo mundo. Infelizmente a vida não vem mais, mas pelo
menos minimiza um pouco a questão financeira – disse Palaoro.
O vice-jurídico explicou também que os
atletas estavam amparados por outros dois seguros: um feito pelo
clube e outro pela CBF.
– O do clube, que não tem
beneficiários, equivale a 14 salários de cada atleta. O valor varia
de acordo com o que cada jogador recebia. E tem também o da CBF,
que são 12 salários, um seguro contratado para todos os jogadores
profissionais do Brasil, todos que têm contrato registrado na CBF.
Portanto, (as famílias) teriam direito a 26 salários. Isso equivale
a dois anos, incluindo décimo terceiro. Os que não eram jogadores,
mas eram funcionários do clube também têm seguro. Os convidados,
não. Mas tem o da aeronave. Teriam direito a 26 salários. Isso
equivale a dois anos, incluindo décimo terceiro Luiz Antônio
Palaoro Além das vítimas fatais da tragédia, os jogadores que
sobreviveram também terão direito ao seguro em caso de invalidez. A
indenização é menor do que em caso de morte, mas pode ser uma ajuda
financeira importante. Nesta segunda-feira, uma semana depois da
tragédia que deixou 71 mortos, a LaMia divulgou um comunicado de
lamento. Na nota, que não é assinada por um responsável específico,
a empresa expressa “sentimento de dor”. A empresa – que tinha como
um dos sócios o piloto Miguel Quiroga, um dos mortos no acidente –
afirma estar colaborando para as investigações sobre as causas da
tragédia, que vem sendo conduzidas na Bolívia e na Colômbia. A
versão com mais força até agora é a de pane seca, causada por falta
de combustível – uma vez que a autonomia da aeronave utilizada era
praticamente igual à distância entre Santa Cruz de La Sierra e
Medellín.
Premiação, apoio financeiro e eventual
indenização
Também nesta segunda, o presidente em
exercício da Chapecoense, Ivan Tozzo, disse que a CBF comunicou que
vai doar R$ 5 milhões ao clube e que organizará uma partida entre
Brasil e Colômbia com renda revertida para as vítimas da tragédia.
O próprio clube escolheria o local, muito provavelmente um grande
estádio brasileiro. A direção também abriu uma conta na Caixa
Econômica Federal para receber doações, mas ainda não informou
valores que já foram depositados.
Declarada campeã da Copa Sul-Americana
de 2016 pela Conmebol, a Chape terá um reforço nas finanças. Pelo
título, o clube catarinense vai receber premiação de US$ 2 milhões
(R$ 6,86 milhões). Pela vaga na Recopa, mais US$ 1 milhão (R$ 3,43
milhões). A participação na Libertadores renderá ainda mais US$ 600
mil (pouco mais de R$ 2 milhões) por jogo como mandante. Como fará
ao menos três partidas na fase de grupos, o time catarinense já
garantiu US$ 1,8 milhão (R$ 6,17 milhões).
O departamento jurídico não descarta
acionar a LaMia judicialmente.
– Isso minimizaria o impacto
indenizatório de algumas famílias. Isso tudo está sendo
considerado, inclusive a indenização contra a própria companhia
aérea – frisou Palaoro.