Por Ricardo Saponara, especialista em
prevenção a fraudes em seguradoras do SAS Brasil
Em junho deste ano, o estudo World
Insurance Report apontou que a alta demanda digital tem gerado
impactos que obrigam as seguradoras a manter um processo constante
de transformação para continuarem relevantes no futuro. A tendência
se mostra ainda mais forte entre os clientes integrantes da chamada
Geração Y, sendo 49% da América Latina e 47,2% da Ásia-Pacífico.
Por isso, nos últimos anos o setor de seguros tem mudado de forma
drástica sua atitude em relação à inovação, particularmente no que
se refere à adoção da Internet das coisas (IoT).
A IoT tem potencial para interromper
radicalmente o modelo tradicional de negócios no setor de seguros e
modernizar os processos tradicionais, especialmente na avaliação de
riscos. Quando se fala em Internet das Coisas, ela se refere aos
aparelhos conectados e capazes de transmitir dados por meio de
tecnologias como o Wi-Fi e o Bluetooth. Temos como exemplo os
dispositivos vestíveis (os chamados wearable devices), os sensores
em aparelhos domésticos e os veículos conectados por tecnologia
telemática.
Em todo o setor do mercado de seguros,
a Internet das Coisas promete reduzir as perdas de forma
significativa e provocar mudanças no relacionamento com os
segurados. A comoditização do seguro automotivo, por exemplo, gerou
uma pressão descendente sobre os prêmios a serem pagos. A Internet
das Coisas também permite que as seguradoras forneçam serviços de
valor agregado, como feedback do motorista, que pode levar a uma
relação mais próxima e mais proativa com os segurados, gerando
novas receitas.
Estas vantagens se aplicam em toda a
empresa. Para atuários e escreventes, a IoT fornece novos dados
para que se faça uma avaliação e precificação mais precisa do
risco. Com ela, é possível também automatizar a notificação de
perdas com base nos dados fornecidos pelos sensores. Para os
executivos de marketing, a Internet das Coisas traz ainda
oportunidades de insights sobre o comportamento do cliente.
A adoção dessas soluções deu margem
para avanços significativos, mas no mercado de seguros a Internet
das Coisas ainda está nos estágios iniciais. Seu uso de forma
generalizada só será possível depois que o setor superar alguns
desafios, entre os quais:
1 – Disrupção dos atuais modelos de
negócio
Os executivos do setor enfrentam hoje
um grande dilema com o surgimento da Internet das Coisas. Os
benefícios para as seguradoras concentram-se na mitigação do risco
e em um menor número de sinistros.. Mas a natureza competitiva do
negócio levará a um cenário em que, com o tempo, menos perdas
resultarão em menores prêmios. E redução de receita nunca é bom em
nenhuma indústria. Por isso, novas fontes que gerem aumento de
receita são um belo incentivo para a adoção da Internet das
Coisas.
No futuro, as seguradoras vão
encontrar novos concorrentes, que já estão de olho nas
oportunidades geradas pela IoT, incluindo as montadoras, as
empresas de segurança residencial e as de natureza digital, como a
Google e a Amazon.
A Internet das Coisas possibilita que
empresas possam desenvolver estratégias de descontos aos bons
motoristas ou às pessoas que tenham um estilo de vida saudável. A
menos que ela possa mudar o comportamento de toda a população, as
pessoas ou empresas que forem consideradas um mau risco podem ser
mais penalizadas do que seriam nos modelos tradicionais de
avaliação. Isso poderá causar uma reação do público em geral e
dificultar o aumento na oferta de produtos de seguros ligados à
IoT. 2 – Gerenciamento de dados
O setor de seguros sempre foi centrado
em dados. No passado, as seguradoras confiavam nos dados das
soluções de administração de políticas, aplicativos de gestão de
sinistros e sistemas de cobrança. Os novos dados, hoje em grande
número, dão uma outra dimensão a este cenário. O desafio agora é
processá-los em tempo hábil para que se tomem as decisões corretas
para os negócios. Infelizmente, muitas seguradoras vêm lutando até
mesmo para processar e analisar os dados tradicionais.
Os desafios decorrentes de grandes
volumes de dados gerados pela Internet das Coisas exigem que se
defina uma estratégia de gerenciamento. Isso é importante ao
combinar os dados da IoT com os dados tradicionais, tais como
registros de clientes e de políticas. Tal estratégia deve fornecer
soluções, ferramentas, metodologias e fluxos de trabalho unificados
para a gestão das informações da IoT como um recurso principal.
3 – Propriedade dos dados
As informações geradas e disponíveis
pela Internet das Coisas permitem às seguradoras entender melhor o
risco, mas a propriedade dos dados continua a ser um desafio para
muitas delas. A grande questão é saber se esses dados pertencem às
seguradoras ou aos clientes. Estes podem argumentar que têm
direitos sobre os dados e precisam ter acesso ao histórico de
sinistros para que possam trocar de seguradora no período de
renovação de contrato. No futuro, isto vai ser um tema de discussão
bem interessante.
4 – Regulamentação
O setor de seguros foi um dos
primeiros a serem regulamentados – e continua a ser analisado
cuidadosamente pelas autoridades públicas em todo o mundo. Muitas
autoridades ligadas ao setor vão ter dificuldades para fiscalizar
os dados gerados pelos sensores.
Enquanto as regras já dão cobertura à
privacidade dos dados, a natureza mais invasiva da IoT pode trazer
novos desafios. A mobilidade pode até mesmo levar a questões
relativas à regulamentação de dados internacionais, quando, por
exemplo, um motorista viajar para outro país.
5 – Segurança de dados e fraude
À medida que a Internet das Coisas se
torna mais abrangente, ela fica potencialmente mais vulnerável a
ciberataques e fraudes. A grande quantidade de dados que vão
circular pelo carro conectado, a casa conectada e a seguradora está
sujeita à interceptação. Os novos produtos da Internet das Coisas
também são suscetíveis a fazer surgirem novos tipos de aplicações e
de sinistros. As seguradoras terão de investir cada vez mais em
segurança de dados e proteção contra fraudes.
Embora se saiba que todo o potencial
da IoT para o setor de seguros não irá ocorrer sem que haja
desafios, seu uso já está produzindo bons resultados. Sem dúvida
alguma, ela torna as perdas mais fáceis de prever e prevenir. Os
aparelhos domésticos inteligentes, os wearables e a chegada
iminente do carro autônomo vai levar a um novo tipo de
relacionamento com o cliente, de modo que o seguro será menos
reativo e mais proativo. Nessa disputa, os vencedores serão as
empresas que se dispuserem a superar tais desafios para abraçar
desde já tais mudanças, colhendo os frutos sobre algo ainda
incerto.
Sobre o SAS
O SAS é o líder de mercado em
Analytics. Por meio de soluções analíticas inovadoras, voltadas
para a inteligência do negócio e gerenciamento de dados, a
companhia ajuda seus clientes em mais de 80.000 localidades a
tomarem decisões de forma rápida e assertiva. Desde 1976, o SAS
fornece aos clientes ao redor do mundo THE POWER TO KNOW® (O Poder
do Conhecimento). No Brasil desde 1996, a subsidiária brasileira
conta com escritórios em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e
Brasília (DF) eatua em diferentes setores como finanças,
telecomunicações, varejo, energia, governo, manufatura e educação.
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