Congresso dos EUA deve votar reforma
do sistema de saúde nesta sexta-feira (24).
ojeto republicano que revoga o chamado
Obamacare e reforma a cobertura de saúde nos Estados Unidos
deixaria várias de milhares de pessoas adicionais sem seguro-saúde,
segundo relatório do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO). O
efeito seria muito diferente de acordo com a idade, a renda e o
tipo de empregador. A reforma do sistema deve ser votada nesta
sexta-feira (24) no Congresso americano.
Segundo o estudo, 14 milhões de
pessoas a mais em relação ao número atual passariam a carecer de
seguro médico em 2018, e outros 24 milhões adicionais em 2026.
“Os pesquisadores ficaram surpresos
com estas estimativas elevadas”, disse à AFP Colleen Carey,
professora de economia e especialista em sistemas de saúde da
Universidade de Cornell.
Os assalariados
Cerca da metade dos americanos têm uma
cobertura de saúde através de suas empresas, frequentemente a um
preço razoável. O projeto republicano a princípio não os afetará,
embora o BCO preveja que um certo número de empregadores possam se
sentir incitados a não oferecer mais seguros-saúde aos seus
funcionários.
Os maiores de 65 anos As pessoas com
mais de 65 anos são o outro grande grupo social protegido pela
reforma. Gozam desde 1960 de uma cobertura de doença pública,
Medicare. A reforma republicana não modifica este estado.
Os pobres A categoria mais afetada
pela reforma são os beneficiários do programa de cobertura pública
Medicaid, criado nos anos 1960 e ampliado em 2010 pela reforma de
Barack Obama. Em dezembro, o Medicaid cobria 69 milhões de
americanos.
O Medicaid cobriu historicamente as
crianças pobres e seus pais, em condições diferentes segundo os
estados, mas o chamado “Obamacare” estendeu a cobertura aos adultos
que ganhavam até 138% da linha da pobreza (o nível de pobreza é
estabelecido em 12.060 dólares anuais por pessoa).
O projeto de reforma republicano
retifica a partir de 2020 esta ampliação realizada pela
administração Obama, e privará muitos trabalhadores pobres de seu
seguro médico. Estabelecerá um teto às ajudas federais aos estados,
que coadministram o Medicaid e que podem ser obrigados a reduzir os
critérios que permitem o acesso ao atendimento de saúde.
O CBO estima que das 24 milhões de
pessoas que em 2026 terão perdido seu seguro-saúde, 14 milhões
serão beneficiárias do Medicaid.
Os assegurados individualmente
A cobertura de saúde dos americanos
que não têm seguro de seus empregadores, do Medicaid ou do Medicare
é o eterno problema do sistema de saúde dos Estados Unidos: “hoje
são cerca de cinquenta milhões”, segundo Colleen Carey.
Alguns têm empregos de meio período ou
trabalham para uma pequena empresa que não fornece seguros-saúde.
Ou são trabalhadores independentes, professores por conta própria
ou pequenos empreendedores.
A reforma de Obama havia estabelecido
ajudas para estas pessoas que buscavam cobertura no mercado da
saúde. Estas ajudas, sob a forma de créditos fiscais, privilegiavam
os cidadãos que tinham baixa renda: permitiam estabelecer um
montante máximo a pagar pela cobertura de doença equivalente a uma
porcentagem razoável da renda.
A reforma republicana mantém o
princípio dos créditos fiscais, mas reduz sensivelmente os
montantes. Paralelamente, autoriza os seguradores privados a
modificar mais os prêmios do seguro em função da idade.
Em média, estes prêmios cairiam 10% em
relação ao chamado Obamacare, segundo o CBO.
Mas estes números escondem fortes
disparidades. O efeito mais negativo é para as pessoas mais velhas,
sobretudo nas zonas rurais, onde a saúde custa mais caro que nas
cidades.
Por exemplo, uma pessoa sozinha de 64
anos que ganha 26.500 dólares por ano pagará em 2026 de seu próprio
bolso 14.600 dólares por ano, contra 1.700 dólares atualmente.
Inversamente, uma pessoa de 21 anos pagará menos. “O pior seria ser
uma pessoa de 50 anos em uma zona rural e de baixa renda”, conclui
a economista Colleen Carey. “O melhor seria ser jovem em uma cidade
e ter, por exemplo, 70.000 dólares por ano”.