Já está com a equipe de transição
do presidente eleito, Jair Bolsonaro, a proposta de ampla Reforma
da Previdência elaborada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas) com o apoio da FenaPrevi, CNseg, Abrapp e ICSS
(Instituto de Certificação Institucional e dos Profissionais de
Seguridade Social). “Estamos propondo uma solução de substituição
progressiva do antigo modelo por um novo, que tornará o sistema
previdenciário financeiramente sustentável em longo prazo”, afirma
o presidente da FenaPrevi, Edson Franco.
Os autores da proposta adiantam que
a implantação da “Nova Previdência” não vai gerar ônus adicionais
nem afetará a cerca de 75% dos brasileiros.
O novo modelo valerá basicamente
para todos os que nasceram a partir de 2005 e que terão o seu
primeiro emprego a partir de 2020. Será um sistema único e
universal para, indistintamente, celetistas, funcionários públicos
ou militares.
Com isso, será reduzido
significativamente o impacto sobre trabalhadores com direitos
adquiridos. Ainda assim, o economista e pesquisador da Fipe, Hélio
Zylberstajn, assegura que essa é “uma solução definitiva para a
questão da previdência social”.
A “Nova Previdência” tem como base
quatro pilares. O primeiro é a Renda Básica do Idoso (RBI),
custeado pelo Tesouro Nacional, que garantirá a todos os nascidos a
partir de 2005 um benefício mensal de R$ 550,00 quando completarem
65 anos, independentemente de terem contribuído ou não para a
previdência.
Para as mulheres, com dois ou mais
filhos, se prevê uma redução de cinco anos nessa idade mínima. Além
disso, pessoas com deficiência também receberão uma renda
básica.
No segundo pilar, estarão aqueles
que contribuírem para a previdência, e receberão pelo INSS uma
aposentadoria de R$ 550,00 a R$ 1.650,00. Como todos terão direito
ao RBI, o benefício total, para os que terão pelo menos 40 anos de
contribuição, será de no mínimo R$ 1.100,00 e máximo de R$
2.200,00.
Para se aposentar, além da idade
mínima de 65 anos, o trabalhador deverá ter contribuído por pelo
menos 40 anos. Mulheres com dois filhos ou mais terão que
contribuir por 35 anos, como reconhecimento da dupla função que
desempenham.
O documento sugere que a regra de
cálculo do benefício do segundo pilar seja proporcional ao tempo de
contribuição para a previdência. Se contribuiu por 1 ano, será de
1/40 e assim por diante. Hoje, no Brasil, a renda média do
trabalhador é de R$ 2.200,00. Isso significa que o novo sistema
proporcionará aos 75% de trabalhadores que ganham até R$ 2.200,00
uma reposição integral da sua renda quando se aposentarem.
Já o terceiro pilar é o da
capitalização, que será direcionado para os 25% de brasileiros que
se encontram no topo da pirâmide social do país.
Neste caso, quem recebe acima de R$
2.200, pelo menos 30% dos depósitos no FGTS serão redirecionados
para contas individuais de capitalização compulsória. Essa
conta do FGTS será vinculada ao CPF dos indivíduos e ganhará
portabilidade automaticamente.
Os recursos serão geridos por
instituições especializadas, de livre escolha dos indivíduos. Uma
parte dos recursos se destinará também à contratação de seguro para
o caso de morte e invalidez antes da aposentadoria.
Os depósitos do FGTS na nova
previdência inicialmente formarão um pequeno fundo individual,
correspondente a três salários de cada pessoa, que substituirá o
atual seguro desemprego. O atual sistema permanecerá como está para
os que já estão no mercado de trabalho e não desejarem fazer a
opção pela nova previdência. O estoque de recursos do FGTS também
permanecerá sendo gerido nas mesmas bases atuais.
Vale destacar que, como a “Nova
Previdência” é um sistema único, todos os novos militares e
funcionários públicos estarão incluídos nesse terceiro pilar.
Por fim, o quarto pilar é a
previdência complementar voluntária, nos moldes dos planos de
previdência privada existentes atualmente.
GANHOS. Os autores da proposta
asseguram que, em longo prazo, os ganhos serão expressivos para
toda a sociedade, pois haverá redução substancial das alíquotas de
contribuição das empresas e dos indivíduos, impulsionando a
formação de poupança interna, absolutamente necessária para
financiá-lo o investimento e o desenvolvimento. “É um sistema
socialmente mais justo, já que se trata de uma Nova Previdência
para todos, celetistas, autônomos, funcionários públicos e
militares, sem privilégios”, explica Hélio Zylberstajn.
E mais: de acordo com a proposta,
ao longo do tempo, a contribuição para a previdência sobre a folha
de pagamentos poderá ser gradativamente reduzida, até corresponder,
em 50 anos, a 5% para os indivíduos (sobre o teto de R$ 2.200) e 5%
para as empresas.
Com isso, haverá uma redução
considerável de encargos e um estímulo ao emprego e à formalização.
Atualmente a contribuição total – empresas e trabalhadores – chega
a corresponder a 31% da folha de pagamentos.