HAMILTON FERRARI
Em meio ao intenso debate sobre
reajustes de planos de saúde individuais, o presidente da
FenaSaúde, João Alceu Amoroso Lima, diz que o retorno das
operadoras a esse mercado (há muito tempo elas deixaram de oferecer
tal produto) depende, sobretudo, da viabilidade
econômico-financeira do negócio.
Para que isso seja possível, o
presidente da FenaSaúde — entidade que representa 16 grupos de
operadoras de planos privados de assistência à saúde — defende que
as diferenças regionais, a assimetria dos produtos ofertados e as
características das redes credenciadas sejam consideradas no
cálculo de reajuste.
“É preciso levar em conta as
particularidades das carteiras de cada operadora em cada região do
país, já que o objetivo dos reajustes é manter o equilíbrio
econômico/atuarial das carteiras dos planos para que todos possam
usufruir das coberturas contratadas no curto, médio e,
principalmente, no longo prazo”, assinala Amoroso Lima.
Alguns exemplos da heterogeneidade
regional do Brasil foram capturados por levantamento recente da
FenaSaúde, que mostra, entre outros dados, a diferença na evolução
dos preços na economia: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), que entra com 20% na nova fórmula de reajuste da Agência
Nacional de Saúde Suplementar ( ANS) para os planos individuais,
chega a variar um ponto percentual entre a menor (3% no Norte) e a
maior (4,02% no Sul) inflação regional.
Outro exemplo, segundo a FenaSaúde,
para demonstrar as diferenças regionais está na questão da
longevidade, que tem impacto substancial na formação de preços do
setor. Enquanto no Centro-Oeste os idosos representam 14,7% da
população, no Sudeste o contingente de pessoas com mais de 60 anos
é mais do que o dobro e chega aos 32,4% dos cidadãos.
A perspectiva é de que a ANS
anuncie o tamanho do reajuste dos planos individuais entre o fim de
maio e o início de junho. Consumidores e empresas estão ansiosos
por ver o resultado prático da nova fórmula da correção dos
convênios médicos.