O uso da tecnologia para promover a
desintermediação e simplificar os modelos de negócios já passou
pelos transportes com o Uber, pelos imóveis com o Airbnb, pelo
entretenimento com a Netflix, pelas finanças com as muitas
fintechs, e agora chega aos serviços de saúde. E com resultados
positivos não só para o consumidor, mas para as partes envolvidas
em todo o processo, com a eliminação de altos custos,
desburocratização, e distribuição mais equânime do resultado da
operação.
O sistema Dandelin que chegou ao
ramo de serviços de saúde há um ano pode ser boa opção para quem
não tem ou não teve condições de bancar as altas mensalidades dos
planos de saúde convencionais. E com certeza deve haver muita gente
nessa situação.
Estudo recente do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, apontou a dificuldade
econômico-financeira de quem depende dos planos de saúde no País: o
reajuste das mensalidades em 18 anos, de 2000 a 2018, foi de 382%,
bastante acima da inflação oficial de 221% acumulada no período.
Sem condições de suportar essa discrepância no reajuste, nos
últimos quatro anos mais de 3 milhões de brasileiros cancelaram
seus contratos com as operadoras.
O consumidor, com seu salário
reajustado quando muito pela inflação, não teve seu poder
aquisitivo preservado para permanecer nos convênios particulares.
Sem falar dos que perderam o emprego ou tiveram sua renda achatada.
A saída não foi outra senão sair em busca de planos mais populares,
que começaram a proliferar pelos grandes centros urbanos ou, na
pior das hipóteses, ficar na dependência do atendimento pelo
serviço público, com toda a sorte de problemas que isso possa
implicar.
A fintech Dandelin foi criada com
bases nos princípios da economia compartilhada, na produção de
valores coletivos e descentralização de poder. A plataforma conecta
pacientes a médicos por meio de um simples aplicativo e deverá, em
breve, estender o mesmo sistema para outros serviços de saúde, como
os de laboratórios e hospitais.
O interessado faz um cadastro, sem
nenhum custo inicial, e no dia seguinte já pode começar a usar os
serviços de consulta, sem as famosas e duras carências. Por
enquanto, a rede funciona na cidade de São Paulo, com uma lista com
700 médicos credenciados, em mais de 30 especialidades, e mais de
17 mil horários disponíveis. O programa passará a funcionar também
em Belo Horizonte nos próximos meses e está aceitando o
pré-credenciamento de usuários.
O participante faz consultas
necessárias em número ilimitado e, por elas, paga uma mensalidade
que poderá variar, mas não será superior a R$ 100 reais. Pagamento
que será feito com o cartão de crédito, sempre no fim de cada mês.
Os custos do uso real dos serviços são rateados entre os
participantes, atualmente em torno de 2.700: quanto maior o número
de participantes menor o custo de cada um.
“Além de baixar os custos para o
participante, temos condições de fazer um repasse maior aos
médicos”, afirma Felipe Burattini, diretor e fundador da Dandelin.
Ele explica que atualmente a média de retorno de uma consulta paga
pelos convênios tradicionais gira entre R$ 20 e R$ 30 reais e com o
aplicativo ele chega em R$ 100 reais.
Interessante notar que por esse
esquema ganha o usuário com custos mais baixos, ganha o médico com
repasse maior e também a administradora da plataforma. Mas nada
comparado com os ganhos das maiores operadoras de planos de saúde,
que acabam ficando com a maior parte dos recursos de cada
serviço.
Evidente que por oferecer apenas
consultas nesse momento, não dá para comparar os serviços da
Dandelin com os de um plano de saúde mais completo. Mas ele pode
ser uma saída para quem ficou sem eira nem beira em relação a um
convênio médico e precisa fazer uma consulta e não pretende
enfrentar as filas do SUS (Sistema Único de Saúde).
Burattini, que atua há muito tempo
no setor de saúde, percebeu a oportunidade de usar os conceitos da
economia compartilhada em uma plataforma tecnológica para a
prestação de serviços, com qualidade e custo mais baixo. Existe uma
equipe na Dandelin que prospecta médicos, treina atendentes, visita
consultórios para o credenciamento na rede. E há todo um cuidado de
checagem de CRM e informações sobre os profissionais antes que
passem a fazer parte do seu cadastro.
No aplicativo há um sistema de
avaliação recíproco, do paciente em relação ao médico e vice-versa.
Na medida em que uma das partes não esteja de acordo com os padrões
de relacionamento predeterminados, poderá haver exclusão da
rede.
A partir de agosto, o diretor prevê
a inclusão de serviços de laboratório e, posteriormente, de
convênios para internação e cirurgias.sempre com a mesma
perspectiva de custos reduzidos aos usuários. O aplicativo Dandelin
está disponível tanto para Androids como para iOS, nas lojas
virtuais Google Play e Apple Store.