As
famílias brasileiras continuam consumindo, ainda que com maior
cautela. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo (CNC) aponta que o indicador de Intenção de Consumo das
Famílias (ICF) apurado em fevereiro de 2021 alcançou o patamar de
74,2 pontos, o maior resultado desde maio de 2020 (81,7 pontos).
Contudo, após o ajuste sazonal, a série apresentou a primeira queda
mensal (-0,6%), depois de cinco meses consecutivos de alta.
Trata-se também do pior mês de fevereiro da série histórica,
iniciada em janeiro de 2010. O ICF está abaixo do nível de
satisfação (100 pontos) desde abril de 2015.
De
acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, os brasileiros
estão mais cautelosos na hora de comprar, especialmente diante das
incertezas econômicas. “Mesmo assim, as famílias não têm deixado de
consumir enquanto têm sua renda garantida ou complementada com
algum subsídio. Mais uma vez, estamos em um momento decisivo, em
que os brasileiros olham para o mercado de trabalho e para as ações
do governo diariamente antes de tomar as suas decisões”, avalia
Tadros.
Emprego e renda
Sobre o emprego atual, a maior parte dos entrevistados (32,2%) se
sente menos segura, em comparação com o ano passado, uma proporção
maior do que em fevereiro de 2020 (19,2%). As avaliações em relação
à renda atual demonstraram que a maioria das famílias considerou
sua renda pior do que no ano passado, com percentual de 40,5%, ante
23,4% em 2020. Já em relação ao acesso ao crédito, a proporção das
famílias que acreditam que comprar a prazo está mais difícil é de
40,2%, ante 36,7% em fevereiro de 2020. Mesmo com essas percepções
de dificuldade, o nível de consumo atual apresentou o maior
crescimento do mês, registrando 3,4%.
A
maior parcela das famílias (50,8%) demonstrou ainda uma perspectiva
profissional negativa em fevereiro deste ano, enquanto este
percentual foi de 40,5%, em fevereiro de 2020, mês anterior à
pandemia. A maioria das famílias (54,9%) acredita também que vai
consumir menos nos próximos três meses. Este percentual ficou
abaixo dos 55,4% no mês anterior e acima dos 36,1% observados em
fevereiro de 2020. Essa redução mensal do percentual também foi
corroborada pelo crescimento de 1,2% no indicador.
Economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da
Silva explica o que motivou as oscilações. “Mesmo com esse recuo no
indicador geral, a percepção em relação ao nível de consumo
continuou em alta. O principal fator de influência para o resultado
negativo do mês foi o mercado de trabalho. Tanto as incertezas
sobre a manutenção do emprego atual quanto as perspectivas de
mudança de emprego e melhora da renda podem ter impactado essa
percepção das famílias”, analisa.