“Crise” talvez seja a terceira palavra mais proferida no mundo
inteiro após “pandemia” e “covid-19”. Não há menor dúvida disso,
como também não há dúvida alguma das agruras por que passam
empresários, sobretudo os pequenos e médios, que comprometem seus
negócios com dívidas impagáveis e, numa escalada trágica da
economia, não encontram outra saída a não ser o fechamento das
portas. O resultado deste ocaso não seria outro senão desemprego e
brutal perda de renda da população. A economia simplesmente
encontra-se inerte ou, no mínimo, caminhando em passos quase
imperceptíveis, tese defendida por analistas de mercado e
corroborada por inúmeras e recentes estatísticas, porém distantes
de uma simetria de números e percentuais, ou seja, há resultados
para todos os gostos — políticos e ideológicos, sobretudo —, mas
inegavelmente e integralmente preocupantes.
Somente no Estado do Rio de Janeiro, como sinaliza pesquisa do
Sebrae Rio, faliram no ano passado cerca de 90 mil pequenos
empreendimentos. Ao ampliarmos o foco no país inteiro, o resultado
de 2020 mostra-se ainda mais impressionante, como indica o Mapa de
Empresas, mecanismo gerido pelo Departamento Nacional de Registro
Empresarial (Drei) e o Serpro, porém mantido do Ministério da
Economia. Ao número, portanto: pouco mais de um milhão de cadastros
de pessoa jurídica (CNPJ) foram fechados. Há, todavia, uma
surpreendente mão inversa, como aponta a mesma estatística do
governo: o número de companhias abertas aumentou 6% no ano passado
em relação a 2019. Enquanto cerca de um milhão delas fecharam,
outras 3,3 milhões constituíram um CNPJ. O número de empresas
fechadas também apresentou queda de 11,3% em relação ao ano
anterior.
Essa
movimentação positiva — define o Ministério da Economia — é reflexo
das medidas empregadas pelo governo para facilitar a abertura de
empresas em meio à pandemia da covid-19, que estimulou a busca pelo
próprio negócio.
Há,
contudo, quem tema que os indicadores de quebra de empresas,
sobretudo pequenas e médias, ainda sejam preocupantes e que até
possam impactar a recuperação do PIB até dezembro. Para o CEO da
marca carioca Wöllner, Giuliny Shauer, também consultor e autor do
livro Quebrei na pandemia, e agora?, Um guia para gestão
de crises no mundo empresarial e varejo (Ed. Approach),
não há motivo para euforia, como sinaliza o governo.
“A
gente está muito cético em relação a essas projeções. Trabalhamos
com recuperação judicial, que é a última cartada, a última coisa a
se tentar e percebemos que em junho já tem mais recuperação
judicial que no ano passado inteiro. Ou seja, são empresas que
estão literalmente quebrando as pernas. Há muitas delas que estão
operando e não estão pagando impostos. A dívida externa em mais de
30% no último ano para conseguir manter o itens como redução de
jornada, programas de auxílio emergencial. Vamos ver o impacto
disso daqui a pouco. Sou muito cético em relação a essa retomada e
em relação a esses indicadores econômicos. O que vejo são meus
clientes pedindo recuperação judicial, parcelamento de impostos. O
meu setor, que é dos bens e consumo, sente primeiro. A indústria
vai sentir depois”, analisa Giuliny.
Sem essa de “Poliana”. Tem de ter planejamento
A
visão de mundo está distante de qualquer brecha para uma síndrome
de Poliana, ou seja, da preponderância de um otimismo excessivo.
Mas há sinais de que há resistência no mercado. Não se sabe até
quando ela durará, porque a pandemia no país, ao que tudo indica,
caminha para a consolidação de novas e preocupantes ondas.
Maior estado da Federação, São Paulo surpreendeu em maio com um
alvissareiro indicador, como registra a Junta Comercial do Estado de São
Paulo (Jucesp): foram abertas quase 25 mil novas empresas,
melhor resultado desde janeiro, superando em 4,28% o mês de
fevereiro, que até então ostentava o melhor percentual. E o mais
impressionante: o número de empresas abertas em maio deste ano
é o segundo maior registrado em toda a série histórica da Jucesp
iniciada em 1998. As respostas para essa retomada podem ser muitas,
mas uma certamente é inquestionável: a criatividade, especialmente
para equilibrar e conter custos, e quem está bastante atento a essa
nuance é o setor de seguros.
Mas
o drama provocado pela crise sanitária ainda persiste e não pode
sob hipótese alguma ser ignorado. Além disso, o rumo da economia do
país permanece uma incógnita. Diante deste contexto repleto de
indefinições, muitas perguntas naturalmente são fomentadas, dentre
as quais estas: até quando o pequeno e o médio empresário
resistirão? O que consultores de mercado idealizam como um “mundo
perfeito” para empresas que estejam nascendo em meio às crises
sanitária e econômica atuais? E o setor de seguros, o que sugere?
Caso seguradoras e corretores pudessem recomendar produtos do
mercado para uma pequena ou média empresa que está nascendo, quais
seriam eles, especialmente agora em que nos encontramos envolvidos
por uma pandemia? Há uma receita específica de resiliência que o
seguro possa ensinar ao mercado em geral para que enfrente crises
como a que vivemos?
O
seguro pode ajudar de duas formas, explica o analista de mercado
Francisco Galiza, da Rating de Seguros Consultoria. Primeiro — diz
ele — pela própria cobertura do risco, ou seja, o imóvel pega fogo,
mas a seguradora paga. “Essa é a forma direta, clássica, que todo
mundo conhece. A outra forma é mais sutil e funciona em termos de
gerência de riscos. A seguradora e o corretor podem ajudar a
empresa a diminuir os seus riscos, ou seja, ensinar a empresa a
tomar certos cuidados. Esse é um efeito muito importante também.
Quanto aos tipos de seguros, são aqueles clássicos mesmo, seguro
empresarial, lucros cessantes etc. Todo aquele seguro que poderá
impedir a empresa de atuar, se houver um sinistro”, completa
Galiza.
O
consultor alerta, porém, que o mercado segurador pode proteger uma
empresa contra uma perda em relação à situação atual, mas não
ensina a mesma para que ganhe mais adiante. Em outras palavras, com
o seguro, volta-se à situação anterior, não se volta a uma situação
melhor do que se estava antes, descreve Galiza: “Esse é um conceito
teórico importante. Ou seja, a empresa tem que buscar outros meios,
como análise de mercado, uma administração eficiente, contenção de
custos, estudos econômicos. Isso fica fora da área de seguro. O
seguro não vai fazer uma empresa ter sucesso, ele vai fazer com que
uma empresa, que já tenha sucesso, não perca essa situação.”
Para
o superintendente de Produtos Massificados, Automóvel e Frotas da
AXA Seguros, Clóvis Silva, há um potencial enorme a ser explorado,
principalmente no seguro empresarial. Entre pequenas e médias
empresas, por exemplo, a contratação do seguro empresarial ainda é
incipiente, e isso — reforça Silva — é uma exposição grande,
podendo comprometer profundamente o negócio. “Cada vez mais
precisamos de empresas e negócios resilientes que sejam
sustentáveis no longo prazo e o seguro faz parte dessa construção.
Não há uma receita específica, mas um ponto relevante que buscamos
fortalecer aqui na AXA, junto dos nossos corretores e clientes, é o
gerenciamento de risco. O seguro cada vez mais vai evoluir para um
ponto de prevenção além da proteção”, prevê o executivo.
Já o
diretor de Produtos da AIG Seguros, Edson Souza, avalia que a
pandemia acelerou comportamentos e a digitalização, mas também
trouxe desafios com riscos emergentes, como, por exemplo, os
relacionados à segurança cibernética. A seguradora mantém um canal
voltado ao empresário — esteja ele no início de um projeto ou já
consolidado — para abordar os mais diversos riscos que podem
existir na operação do seu negócio e como o seguro pode contribuir
para uma gestão mais eficaz de sua empresa.
“Empresários e profissionais interessados em crescer e desenvolver
seus negócios devem enxergar os seguros como uma plataforma de
transferência de risco que contribui na continuidade do seu
negócio. Desta forma, em parceria com os corretores e parceiros de
diferentes setores, nossos profissionais buscam compartilhar
conhecimento sobre os principais riscos às empresas”, enfatiza
Souza. “Quando falamos nos riscos aos novos negócios, além do
conhecimento sobre a operação e planejamento prévio necessário, é
importante que empreendedores estejam atentos e preparados a
situações inesperadas, mas que as tendências já mostram que podem
ser realidade: Um erro ou descuido podem impactar seu negócio: um
profissional liberal, de tecnologia, de comunicação, ou mesmo de
saúde, interessados em seguir carreira solo, ou estabelecer-se à
frente de um negócio, é importante considerar o seguro de
responsabilidade civil para evitar surpresas frente aos eventuais
equívocos que lhe obriguem a reparar um terceiro. Com muitas
profissões novas surgindo a cada ano, principalmente ligadas à
análise de dados, comunicação e TI, trata-se de um seguro cada vez
mais procurado, inclusive por profissionais autônomos”, completa o
executivo da AIG, seguradora atua com mais de 40 categorias de
apólices de responsabilidade civil profissional.
No
Brasil, essencialmente no atual momento, não é tarefa fácil
proteger uma empresa que está nascendo ou mesmo que acaba de
ingressar no mercado. O diretor executivo de Seguros Corporativos
da Zurich no Brasil, Roberto Hernández, alerta que a maior parte
dos 90% de companhias brasileiras que, segundo dados do IBGE,
enquadram-se no segmento de micro, pequenas e médias empresas, não
possui qualquer tipo de seguro de vida ou de acidente pessoal para
os colaboradores tampouco
proteção para riscos cibernéticos ou seguros E&O (de
responsabilidade civil profissional), de erros e omissões, por
exemplo. “Essas companhias, assim como as de grande porte, precisam
de orientação e de produtos de seguro que correspondam às suas
necessidades pontuais e de acordo com o seu ciclo de vida”, pondera
o executivo da Zurich.
Sem
planejamento e sem o amparo do seguro, realmente tudo fica inviável
para o mercado e, fundamentalmente, para os pequenos negócios ou
mesmo os que estão dando seus primeiros passos, como alerta o
coordenador do Centro de Estudos de Infraestrutura & Soluções
Ambientais da FGV, Gesner Oliveira: “Provavelmente (as
seguradoras) recomendariam produtos que não onerem demais esta
empresa nascente, mas que também deem uma boa segurança ao
empreendimento. Para a empresa, é importante avaliar o risco a qual
a empresa está sujeita, não há uma receita de bolo que não seja
planejamento”, vaticina.
Experiência de quem “nasceu” durante a crise
A
Azos é uma insurtech voltada para o seguro de vida que chegou ao
mercado em abril, ou seja, em meio à segunda onda da covid-19 por
aqui, mas sem temor e com ousadia, sobretudo nos preços. A
companhia oferece apólices de R$ 5 e suas coberturas transitam
entre os valores de R$ 90 mil e de R$ 2 milhões. O CMO da Azos,
Bernardo Ribeiro, contou à Apólice o desafio da insurtech
para se lançar no mercado em um momento cheio de adversidades e o
que ele e seus dois sócios e cofundadores, o CEO Rafael Cló e
Renato Farias, empreenderam para proteger os primeiros momentos da
jovem empresa.
“Não
é fácil começar uma empresa em plena pandemia. Precisávamos atrair
investidores e os melhores talentos do Brasil em um momento em que
as pessoas estavam receosas em correr riscos. O que fez a gente
conseguir convencer essas pessoas a entrarem na Azos foi o nosso
propósito, nossa estratégia, um passo a passo claro para
reinventar o seguro de vida no Brasil e, principalmente, o nosso
propósito. Rafa, Renato e eu estudamos por mais de um ano sobre
como deveriam ser os nossos produtos, canais de distribuição,
investidores e perfil dos talentos. A estratégia estava clara e,
com ela, veio a nossa confiança que rapidamente convenceu
investidores e nossos primeiros talentos. Além disso, algumas
decisões importantes foram tomadas. Desde o nosso dia zero,
decidimos ser uma empresa flexível, tanto no local quanto no
horário de trabalho. Essa é uma ideia para atrair gente boa para
trabalhar com a gente, com horário flexível e 100% home office,
pois acreditamos na autonomia e liberdade para criarmos um produto
realmente fora da curva”, conta Ribeiro.
Sem
seguro, nada feito. Impossível imaginar, e isso deveria valer para
qualquer segmento de mercado, um empreendimento surgir, sobretudo
no atual contexto, sem que tenha uma boa cobertura amparando-o. Mas
isso, infelizmente, acontece, e essencialmente com pequenos
negócios. Aí reside o xis da questão ou, mais precisamente e talvez
o maior desafio do mercado securitário: a disseminação da cultura
do seguro no país.
Clóvis Silva explica que diante do atual cenário todo o mercado se
mobilizou para criar novas soluções que pudessem atender ao
segurado e ao corretor e que as melhorias nos produtos e as novas
coberturas foram se fortalecendo nos portfólios das seguradoras:
“Sabemos da complexidade de abrir e manter uma empresa e por isso é
essencial contar com a proteção do seguro desde o início e não
somente em períodos de crise já que os riscos do dia a dia
continuam existindo. Um vidro quebrado, um problema com
medicamentos refrigerados, um acidente com um animalzinho no pet
shop ou um vazamento. Não importa o ramo da empresa: além da
resiliência financeira, o seguro proporciona tranquilidade,
facilitando a solução dos problemas através das coberturas e as
assistências contratadas pelo segurado.”
Já
Roberto Hernández, da Zurich, observa que para manter a resiliência
das empresas é preciso executar um planejamento estratégico de
ações de gerenciamento de riscos que contemple a antecipação e o
desenvolvimento de planos de respostas. Isso permitirá — garante o
executivo — que as empresas tenham reações efetivas para uma
variedade de cenários e as ajudará a reduzir o impacto sobre as
operações essenciais. “Tão logo a pandemia foi decretada, em março
de 2020, a Zurich elaborou uma série de estudos e cartilhas com
orientações para companhias de todos os segmentos. A ideia era que
munidas de tais informações essas organizações conseguissem
estabelecer práticas para minimizar os reflexos diretos e indiretos
nos negócios e na rotina dos clientes. Nesse sentido, um dos planos
elaborado por nossa companhia contemplava a matriz de Planejamento
para o impacto da pandemia e Políticas e procedimentos durante uma
pandemia. Esta matriz é um instrumento estratégico e, quando
colocada em prática, contribui para a resiliência da organização,
em qualquer situação de risco”, assinala Hernández.
Produtos e “produtos”
Como
os produtos e serviços do mercado de seguros podem colaborar com os
empreendedores destes novos negócios e como por meio deles é
possível mitigar os efeitos da interrupção do empreendimento? Sendo
assim, quais modelos de seguros mais adequados para esse cenário de
crise? Responsabilidade civil? Seguro empresarial? Seguro de
vida?
Para
Francisco Galiza, todos esses seguros são importantes e úteis. Ele
alerta, contudo, que a empresa precisa conversar com o seu corretor
para avaliar quais são os mais importantes, em termos de custos e
prioridades. Para cada tipo de empresa e de perfil dos empregados,
a resposta pode diferir, observa o consultor: “Por exemplo: uma
empresa muito centralizada em um sócio de mais idade e com muito
conhecimento, o seguro de vida pode ser o mais importante. Já uma
empresa que presta muito atendimento ao público, pode ser o de
responsabilidade civil. Cada caso é um caso, tem que se avaliar a
situação com cuidado.”
A
escolha de que rumo seguir em meio ao caos provocado pela pandemia
não tem sido fácil para ninguém. A tensão ao conferir o balanço da
empresa é latente e inevitável. Muitos empreendedores,
especialmente os de recentes negócios, estão lidando com um cenário
desafiador que exige uma transformação contínua para que a porta
não seja fechada. A pandemia mostrou que a saúde financeira das
companhias está estreitamente associada à saúde emocional e física
dos líderes e de suas equipes. O estado psicológico de
empreendedores foi afetado, como aponta a pesquisa Efeitos da
covid-19 na saúde mental dos empreendedores do Brasil, desenvolvida
no ano passado pela Troposlab, especializada em inovação, em
parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por
meio do Programa de Pós-Graduação em Psicologia: Cognição e
Comportamento e com o apoio, entre outras, do Sebrae, da Inovativa
e da Anprotec.
O
resultado do estudo, que obteve 653 respostas de praticamente todos
os estados, foi divulgado em novembro e mostra que 51,1% dos
empreendedores “tiveram a vida afetada” pela pandemia, mas que se
“sentem bem” na maior parte do tempo, enquanto 24,9% alegaram ter
sido “muito afetados”. A necessidade de cuidados médicos com a
saúde mental e até mesmo o uso de antidepressivos e ansiolíticos no
período em que foi realizado o estudo foram confirmados por 15,6%
dos empreendedores que responderam à pesquisa.
“De
fato, com a pandemia, houve uma piora na situação emocional das
pessoas. Eu brinco que muito se fala que a profissão do futuro é a
área de TI. Para mim, é a área de psicólogos e psiquiatras. Muito
se espera do seguro, tem pesquisas com consumidores que mostram
isso, fato, sobretudo, pela pandemia. A sociedade espera que o
seguro possa resolver qualquer tipo de problema, corrigir as
distorções, eliminar os riscos. Só que isso é difícil, muitas
vezes. Para mim, nesse segmento emocional, só pode ajudar de uma
forma indireta, fazendo um seguro saúde que preste atendimento
nessa área. Mas, na verdade, a discussão é anterior à compra de um
serviço, a pessoa que tem que buscar o seu equilíbrio interno,
tendo comprado um seguro ou não. Se não houver uma predisposição
pessoal para isso, acho que nenhum seguro vai resolver”, cogita
Galiza.
Para
Bernardo Ribeiro, da Azos, os empreendedores que não conseguiram se
adaptar a uma nova forma de se comunicar com seus colaboradores são
aqueles que mais estão sofrendo financeiramente e emocionalmente. O
sucesso das empresas — ressalta ele — está, e sempre esteve,
relacionado à qualidade da comunicação em todos os níveis da
empresa. “O setor de seguros, assim como outros, precisa se
reinventar neste novo modelo de trabalho, híbrido ou remoto, para
que todos os colaboradores participem da tomada de decisão e tenham
clareza sobre como a empresa está, quais são os objetivos e para
onde a empresa tem que ir. A Azos possui vários rituais e diversas
ferramentas para que todos colaboradores participem das decisões e
entendam com clareza os nossos objetivos, e isso tem nos ajudado
muito”, diz Ribeiro.
Apesar da crise, há oportunidades
Definitivamente não é tarefa das mais simples empreender em um
momento tão conturbado e sem certezas de que haverá realmente uma
recuperação econômica ou mesmo de que a covid-19 irá ser
efetivamente controlada. O consultor Giuliny Shauer alerta que a
regra do jogo é justamente compreender que ela simplesmente não
existe.
“Recomendação número um: olhar linha a linha. Se suas receitas
estão reduzidas a 30%, todas as suas linhas têm de ser reduzidas a
30% também. Outra coisa que falamos bastante é investir no mercado
digital. Se você não tem dinheiro para um e-commerce, vale aderir a
um marketplace onde você pode anunciar seu produto digitalmente.
Não precisa ser milionário para vender na internet. A última
recomendação que dou é que, no limite, você pare de pagar os
impostos, depois você pare de pagar empréstimos bancários,
financeiras e vai negocie; depois pare de pagar os fornecedores não
essenciais para seu negócio; depois pare de pagar os essenciais e,
por último, pare de pagar salário, porque aí o seu negócio vai
entrando em colapso. O cafezinho da galera, por exemplo, vá abrindo
mão”, sugere Shauer.
O
consultor lembra ser comum o empreendedor seguir justamente a mão
inversa. “É engraçado porque a maioria das empresas faz o
contrário. Não paga o salário do funcionário, mas paga imposto.
Isso significa ligar uma bomba nuclear para seu negócio. Se tiver
fôlego e uma boa estratégia comercial e o bolso relativamente cheio
ainda, você vai sair da pandemia como uma referência do mercado. Em
toda crise, há oportunidade”, conclui Shauer.