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Corretor não está presente em quase 60% dos municípios brasileiros, aponta estudo

Fonte: CQCS Data: 26 janeiro 2022 Nenhum comentário

Levantamento realizado pela Conhecer Seguros mostra que os profissionais estão concentrados em grandes cidades

Os corretores de seguros estão mal distribuídos no Brasil. Foi o que concluiu a Conhecer Seguros após ter acesso a uma base com dados anônimos, obtidos em consulta feita à Susep no fim de 2021. Mesmo sendo os principais agentes difusores da cultura de investimento no país, a figura desses profissionais em algumas regiões é inexistente.

Sidney Dias, diretor da instituição, explicou que no Norte e no Nordeste do país a escassez de corretor é ainda maior. “Essas regiões possuem percentuais muito próximos de população sem suporte por corretor de seguros (…) Em números absolutos, a região Nordeste é a que apresenta a maior quantidade de pessoas desassistidas”.

Seguro Nova Digital – Em muitos municípios brasileiros o corretor é uma figura muito distante ou até inexistente. Em contrapartida, nas grandes capitais esses profissionais disputam cada cliente. Você acredita que, no Brasil, os corretores estão mal distribuídos?

Sidney Dias – Sim, os corretores estão concentrados, na sua maior parte, em grandes cidades. Na Conhecer Seguros, estamos desenvolvendo estudos utilizando uma base com dados dos corretores de seguros, obtidos em consulta recente que fizemos à Susep. Buscamos contribuir com conclusões que poderão orientar ações para mudança desse panorama.

S.N.D – A Conhecer Seguros chegou à conclusão de que em algumas regiões do país não há a participação de corretores. Como esse cruzamento de dados foi feito?

S.D – Já conseguimos fazer o cruzamento da quase totalidade dos dados com números do IBGE sobre população e sobre outros aspectos dos municípios. Embora ainda tenhamos um conjunto de aproximadamente 5% do total de corretores (algo como 5.400 corretores PF e PJ) que não conseguimos associar aos dados sobre municípios brasileiros, já é possível afirmar que, no modelo atual de atuação desses profissionais, há falta de corretores de seguros no Brasil.

  • Em aproximadamente 60% dos municípios brasileiros não há corretores de seguros: são algo em torno de 3.400 municípios, em que não se tem registro de um só corretor de seguros para atender às suas populações – um total de, aproximadamente, 40 milhões de pessoas.
  • As regiões Norte e Nordeste possuem percentuais muito próximos de população sem suporte por corretores de seguro, de aproximadamente 36%. Em números absolutos, a região Nordeste é a que apresenta a maior quantidade de pessoas desassistidas, algo em torno de 21 milhões, enquanto a região Norte apresenta uma população de aproximadamente 7 milhões de pessoas sem acesso a um corretor de seguros.
  • Até mesmo em São Paulo, o estado que concentra algo em torno de 40% de todos os corretores do país – mais de 45.000 corretores PF e PJ -, existem muitos municípios que não têm corretores de seguros: as primeiras análises revelam que são mais de 200 municípios – ou aproximadamente 30% do total de cidades paulistas – que não têm corretores de seguros.

S.N.D – A cidade com maior número de corretores do Brasil é São Paulo. Mesmo assim, pouco se vê esses profissionais nas periferias, por exemplo. Como resolver esse problema?

S.D – Embora concentrados nas cidades de maior porte, há a percepção de que os corretores pouco atuam nos bairros mais remotos – os subúrbios ou periferias. Como não temos os dados com a distribuição dos corretores por bairros ou regiões internas às cidades, ainda não é possível se fazer esse detalhamento da análise.

Além do estímulo à formação de novos corretores, a solução para aumentar a presença dos corretores de seguros demanda, principalmente, criatividade e inovação – como o uso de tecnologias que estendam o campo de atuação dos corretores.

S.N.D – Atualmente se bate muito na tecla do corretor ser um Agente Autônomo de Investimentos. Ou seja, ele não é apenas um mero corretor, mas sim um consultor e um consultor de investimentos para aquele consumidor. Como você analisa essa nova função do profissional?

S.D – Aqui cabem algumas ponderações. Na Conhecer Seguros nós ofertamos o curso de preparação para a Certificação como Agente Autônomo de Investimentos (AAI). Mas, orientamos os corretores de seguros que nos consultam sobre esse curso a avaliar, de forma ampla, o planejamento do seu negócio. A escolha por essa capacitação deve ser feita com cautela, com a possível atuação como AAI alinhada à visão estratégica de cada corretor de seguros. Fazer esse curso apenas por modismo ou porque o corretor consegue adquiri-lo por um preço que considera bom será perda de tempo e de recursos, gerando frustração e atrapalhando o seu negócio de seguros.

Sem dúvida alguma, o corretor de seguros que também se capacita como AAI, amplia seu conhecimento e pode ser mais eficaz, ainda, na realização do seu trabalho. Mas, temos a clareza de que não há um caminho único: para a maioria dos corretores de seguros – que são apaixonados pela gestão de riscos e seguros -, uma possível capacitação como AAI pode ter lugar de destaque no seu planejamento, embora sem grau de urgência ou alta prioridade.

S.N.D – Qual é a importância da capacitação do corretor para que mais pessoas entendam a necessidade do seguro?

S.D – Um corretor capacitado e permanentemente atualizado é um profissional muito valioso para os negócios de seguros. Mais ainda: se esse corretor também estiver motivado para ser um conselheiro para proteção contra perdas financeiras através dos seguros, ele se converte em um agente de transformação da sociedade.

 

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