Valor da negociação foi de
R$ 6,49 bilhões, correspondendo a 85,5% do capital da controladora
e 58,9% da Amil. Para consultor, o negócio está em linha com
estratégia do Edson Bueno em priorizar hospitais
A americana UnitedHealth Group
Incorporated (UHG) compra participação na Amil por R$ 6,498
bilhões. Na última sexta-feira foi celebrado contrato de compra da
JPL, empresa controladora da Amil Participações (Amilpar). Serão
adquiridas 820,7 milhões de ações ordinárias, o que representa
aproximadamente 85,5% do capital da controladora e 58,9% do capital
da Amil.
Conforme o contrato, para cada ação
ordinária de emissão da Amilpar, a UHG – que atende cerca de 75
milhões de pessoas no mundo -, irá pagar R$ 30,75, o que representa
um valor de mercado da empresa de R$ 11,022 bilhões.
Edson de Godoy Bueno continuará
como diretor-presidente e presidente do conselho de administração
da Amilpar. A companhia informou ainda que o executivo usará cerca
de US$ 470 milhões da venda das ações para adquirir papéis da UGH
nos Estados Unidos, tornando-se o maior acionista pessoa física da
americana e membro do conselho de administração da UHG.
“Nossa união com a UnitedHealth
Group nos permitirá trazer avançadas tecnologias, sua tradição de
inovação, iniciativas de serviços e programas clínicos para
reforçar ainda mais a saúde no Brasil, o que permitirá que a Amil
cresça ainda mais rápido e faça mais para cuidar dos nossos
pacientes e servir nossos clientes como uma empresa líder no
mercado brasileiro”, afirmou Edson Bueno, fundador da Amil.
A UHG irá realizar oferta pública
de aquisição das ações de emissão da Amilpar, para todos os
acionistas da companhia, em igualdade de condições àquelas
acordadas com os acionistas controladores.
A UHG poderá, juntamente com a OPA,
apresentar pedido de cancelamento de registro de companhia aberta
da Amilpar perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O Banco Credit Suisse (Brasil)
atuou como assessor financeiro exclusivo dos acionistas
controladores e da Amilpar na transação.
“Se associar com a Amil, a líder de
mercado, servindo um mercado pouco penetrado de aproximadamente 200
milhões de pessoas, com a experiência e capacidade da UnitedHealth
Group desenvolvidas durante as três últimas décadas é a
oportunidade de crescimento mais atraente que nós vimos em muito
tempo”, afirmou Stephen J. Hemsley, presidente da UnitedHealth
Group, em nota.
Estratégia de Edson
Bueno
De acordo com o Horacio Cata Preta,
diretor geral da HVCP consultoria empresarial, o negócio está em
linha com a estratégia de Edson Bueno em priorizar os hospitais,
que geram margens maiores do que o negócio de planos de saúde.
“Boa parte desse dinheiro, o Edson
deve investir na expansão com hospitais”, afirma Cata Preta.
Um novo modelo de operação é outra
provável decorrência da aquisição. Para o consultor, o controle dos
reajustes nos preços de planos pela ANS, inflação nos custos
médicos, aumento da demanda e da judicialização são entraves do
setor que precisam ser transpostos.
“A UnitedHealth certamente vai
encontrar dificuldades para colocar em prática seu modelo de
gestão, que é bem diferente do brasileiro”, comenta Cata Preta
ressaltando que a operação do mercado de saúde suplementar
americano segue a dinâmica do livre mercado.
Entretanto, Cata Preta acredita que
a compra deva forçar a adoação de um novo modelo.