Governador sanciona lei, que prevê salário de até R$
14,7 mil para 40 horas semanais, sob críticas do
sindicato
A partir de agora, médicos que atuam em órgãos públicos
estaduais paulistas passam a ter um plano de carreira. A lei, que
prevê um salário de até R$ 14,7 mil para a jornada de 40 horas
semanais, foi sancionada ontem pelo governador Geraldo Alckmin.
Entre as mudanças estão as regras de progressão na carreira e a
padronização do salário dos profissionais. Atualmente, a
remuneração varia muito de acordo com a instituição e também de
acordo com gratificações.
Para o secretário estadual da Saúde, Giovanni Guido Cerri, o
novo plano vai equiparar o salário do Estado ao salário oferecido
pela iniciativa privada. Isso deve permitir que os profissionais
atuem em uma só unidade, evitando o deslocamento de um emprego para
outro. "Será importante para o médico poder focar em seu trabalho.
Eles vão passar a ser lideranças nesses serviços, pois estarão o
tempo todo na unidade", diz Cerri.
No caso da jornada integral, de 40 horas, o médico deve se
dedicar exclusivamente ao serviço público. "A única atividade que
ele vai poder exercer, além do trabalho na unidade, é a atividade
docente. O foco é que ele fique na assistência pública, por isso
buscamos profissionais que tenham esse perfil", diz Cerri. Ele
acrescenta que o objetivo é que, em até cinco anos, 20% dos médicos
adotem essa jornada.
O presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Cid
Célio Jayme Carvalhaes, criticou alguns aspectos da lei e afirmou
que houve pouco espaço para discussão do texto. "Nenhuma das
emendas propostas foi aceita", diz. Um dos pontos que o sindicato
considera problemático é a diferença pequena de salário entre os
níveis da carreira. Na jornada de 20 horas, um médico de classe 3
recebe apenas R$ 300 a mais que um médico de classe 1. Outra
crítica se refere ao fato de o salário estar atrelado a critérios
de produtividade.
"O salário nominal inicial para 20 horas passou a ser de R$ 1,9
mil. Para se chegar aos R$ 6 mil divulgados pelo governo, é preciso
ter produtividade e aproveitamento de 100%, excelência e
qualificação. No nosso entendimento, esses não devem ser critérios
de ascensão, mas de premiação", diz Carvalhaes.
Para o presidente da Associação Paulista de Medicina (APM),
Florisval Meinão, a lei vai beneficiar a população. "Ela vai
permitir a fixação do médico onde hoje há grande dificuldade de
fazê-lo. Com isso será possível organizar equipes de trabalho com o
médico fixo naquele serviço, o que deve melhorar a qualidade de
atendimento." A aplicação do novo plano deve custar R$ 850 milhões
por ano.