O grande número de pessoas com suspeita de dengue no município
do Rio tem lotado os postos de saúde e unidades de
Pronto-Atendimento (UPAs). O último boletim da Secretaria Municipal
de Saúde, divulgado esta semana, apontou 28.527 casos suspeitos da
doença até a segunda semana de abril. No ano, foram contabilizadas
cinco mortes.
Embora os dados apontem uma tendência de queda nos casos, a
maior parte dos pacientes ainda procura as unidades de saúde por
causa da dengue. O ajudante de ourives José Roberto Lorena Ramos
aguardava nesta quarta-feira (17) pacientemente por atendimento na
UPA do Engenho Novo, sem saber exatamente qual era seu problema.
"Eu estou com algum tipo de virose, tenho dor nas pernas e nos
braços, mas não sei o que pode ser", contou ele, que nunca teve
dengue.
Mais preocupada estava a operadora de caixa Renata Maria Ramos, que
levou o filho de 13 anos com febre alta. "Ele está com 39,6 graus
[Celsius] de febre", disse, mostrando o termômetro e pedindo para
ser atendida com mais rapidez. Além da febre, o adolescente
apresentava dores nos braços e nas pernas.
Os sinais mais comuns da dengue são febre, dores de cabeça, no
corpo, nas articulações e por trás dos olhos.
A enorme quantidade de pessoas com sintomas da dengue nos postos
acaba aumentando o tempo de espera por atendimento de pacientes com
outros problemas. Na UPA do Engenho Novo, embora o painel indicasse
tempo de espera média de uma hora e 53 minutos, quem estava no
local contou que o prazo era muito maior. "Eu estou aqui faz mais
de cinco horas", relatou o pintor Ronaldo Cristóvão de Melo, que
procurou a unidade devido a um ferimento no olho esquerdo.
No Posto de Saúde César Perneta, no Méier, também na zona norte,
o quadro era parecido. Segundo a atendente, a maior parte das
pessoas procura um médico com suspeita de dengue. Além da sala de
espera na primeira triagem, o interior da unidade estava lotado,
com dezenas de pessoas aguardando atendimento.
A transmissão da doença está concentrada, principalmente, nos
bairros das zonas oeste e norte, onde vive a maior parte da
população. A região tem muitos terrenos baldios e pouco saneamento
básico. Na zona oeste, a região de Bangu registrou 2.752 casos este
ano, seguida por Jacarepaguá (2.336), Realengo (1.479), Campo
Grande (1.446) e Guaratiba (1.258).
Em seguida, no ranking anual, aparecem os bairros da zona norte,
como a Tijuca, com 1.384 casos, o Méier (1.361), a Penha (1.360),
Vila Isabel (1.226), Irajá (1.167) e a Ilha do Governador
(1.013).Os bairros da zona sul aparecem em terceiro lugar na
incidência da doença, liderados por Copacabana, com 1.247 casos, e
por Botafogo (1.069).
Em todo o estado do Rio, o número de casos chegou a 107.168, com 12
mortes, segundo números também divulgados esta semana pela
Secretaria Estadual de Saúde.