Os países da América Latina e do Caribe terão, em 2030, 17
milhões de casos diagnosticados de câncer, segundo pesquisa do
Grupo Latino Americano para Cooperação em Oncologia (Lacog, em
inglês). O estudo alerta que os custos causados pela doença, que
atualmente estão em cerca de US$ 4 bilhões ao ano, deverão subir
substancialmente “se os governos não tomarem imediatamente ações
coordenadas a fim de conter o impacto crescente do câncer na
região”.
A entidade é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2008
por um grupo de oncologistas latino-americanos para o
desenvolvimento de pesquisa clínica acadêmica. Os pesquisadores
estimam que o câncer deverá matar cerca de 1 milhão de pessoas
anualmente nos países latino-americanos, nos próximos 17 anos. O
levantamento aponta que morrem de câncer na região cerca de 13
pessoas em cada 22 casos diganosticados. O número é do que nos
Estados Unidos, onde ocorrem 13 mortes para cada 37 casos, enquanto
na Europa são aproximadamente 13 óbitos para 30 pacientes com
câncer. “A mortalidade por câncer na América Latina ser tão
superior ao de outras regiões se deve ao fato de muitas pessoas não
serem diagnosticadas com câncer antes de a doença atingir um
estágio avançado”, destaca o documento, ressaltando que é muito
difícil tratar esse tipo de enfermidade nos estágios mais
avançados.
O coordenador da pesquisa, professor Paulo Goss, da Harvard
Medical School, disse que nos últimos anos os países da América
Latina focaram os investimentos em saúde na prevenção e tratamento
de doenças infecciosas. “Enquanto a aplicação de recursos em
doenças não infectocontagiosas, como o câncer, não ocorreu”.
De acordo com o coordenador da pesquisa, em 2020 cerca de 100
milhões de pessoas deverão ter mais de 60 anos na região, agravando
ainda mais a incidência de casos da doença em função de um estilo
de vida similar ao dos países desenvolvidos. “A adoção em larga
escala de estilos de vida similares aos praticados em países
desenvolvidos levará a um rápido crescimento do número de pacientes
com câncer, um custo para o qual os países da América Latina não
estão preparados”, declarou.
Entre as medidas apontadas pela pesquisa para diminuir a
incidência de câncer nos países da região, o estudo propõe a adoção
de programas de saúde para incentivar hábitos saudáveis, reduzindo
o consumo de álcool, evitando o fumo, adotando dietas balanceadas e
realizando exercícios físicos. Além disso, os pesquisadores
defendem a ampliação dos investimentos na formação de médicos.