O Ministro da Saúde, Arthur Chioro,
disse hoje (28) que o governo vai se esforçar ao máximo para
derrubar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 451. Segundo
ele, o texto favorece interesses econômicos contrários aos da
maioria da sociedade brasileira. A PEC, que obriga empregadores a
pagar planos de saúde a todos os empregados, é de autoria do
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e está
na Comissão de Constituição e Justiça.
“Nós lutaremos como toda força para
que a PEC 451, que faz um verdadeiro retrocesso em relação às
conquistas que nós tivemos, ao afirmar que a saúde é um direito de
todos e dever do Estado”, disse Chioro, durante a abertura do 11º
Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, ontem (18). Ele ressaltou
que o governo vai mobilizar todas as forças para que a proposta não
passe na Câmara.
O projeto de Cunha altera o Artigo
7º da Constituição Federal, obrigando os empregadores a pagar
planos de saúde privados a todos funcionários, urbanos, rurais,
domésticos ou não. Para justificar a proposta, o autor usa o artigo
da constituição que diz que a saúde é direito de todos.
Para Chioro, mesmo que o Artigo 196
da Constituição continue determinando que a saúde é direito de
todos e dever do Estado, a aprovação do projeto leva a população a
“perder a conquista que significou o sistema universal de
saúde”.
O diretor da Associação Brasileira
de Saúde Coletiva (Abrasco), Luis Eugenio de Souza, relembrou que,
antes da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), quem tinha
emprego formal pagava a Previdência e tinha direito à assistência
pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(Inamps). “Quem não tinha trabalho formal usava o sistema
filantrópico, outras alternativas. Os SUS acabou com isso.”
“[Com a proposta], acaba o SUS”,
concluiu Jarbas Barbosa, presidente da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, que foi por cerca de oito anos secretário de
Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
A PEC 451 foi um dos temas em
discussão no Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, conhecido como
Abrascão, que ocorre em Goiânia até o próximo sábado (1º). O debate
é promovido a cada três anos e sedia a assembleia geral da Abrasco.
Financiamento do SUS, humanização dos partos, o Programa Mais
Médicos e saúde do idoso estão entre os assuntos a serem
abordados.
Este ano a Universidade Federal de
Goiás (UFG) recebe o evento. O Abrascão reúne pesquisadores
brasileiros e estrangeiros e autoridades em atividades sobre
diversos temas, propostas e acontecimentos relacionados à saúde,
ciência, tecnologia e inovação, educação e sociedade.