2º Fórum discute atual momento do setor e as perspectivas
futuras
O 2º Fórum de Saúde Suplementar, realizado no Hotel Sofitel, em
Copacabana, no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira, 23, promoveu uma
profunda discussão sobre o atual momento do setor e as perspectivas
futuras. Com o tema “As escolhas necessárias para o futuro”, os
participantes apresentaram propostas e reflexões de decisões que
devem ser feitas por todos, tendo em vista a continuidade do
setor.
Na avaliação da presidente da Federação Nacional de Saúde
Suplementar (FenaSaúde), Solange Beatriz Palheiro Mendes, os
caminhos e alternativas do setor devem envolver toda a sociedade.
“Estamos em um momento econômico e social que aguça ainda mais a
reflexão das escolhas que queremos e o que devemos fazer com as
alternativas existentes e os recursos disponíveis. Os custos são
crescentes e a capacidade de pagamento de pessoas e empresas,
limitada. Se não fizermos as escolhas adequadas agora, poucos
conseguirão usufruir deste modelo”, alerta.
O presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),
José Carlos de Souza Abrahão, reitera que os beneficiários, os
provedores, as prestadoras e o governo devem se unir para a
sobrevivência do sistema. “Precisamos agir enquanto ainda dá tempo.
Temos que ter o compromisso de adotar mudanças e construir uma
agenda positiva para a sobrevivência deste setor”, afirma.
A solução também passa por uma alternativa de união de esforços.
Flávio Carneiro Guedes Alcoforado, subsecretário municipal de
saúde, lembra que é necessário desenvolver um sistema de saúde com
um todo. “As escolhas devem ser feitas, o sistema deve pensar em
conjunto para que haja uma solução única”. O presidente CNseg,
Marcio Coriolano, afirma que o diagnóstico para as soluções do
setor existe, porém há uma dificuldade em avançar nas medidas
propostas. “O sistema é disfuncional, não consegue exercer as
funções da forma que foi criado. Temos empecilhos como a
universalidade e integralidade de coberturas, além do aumento
vertiginoso de procedimentos incorporados, fazendo que operadoras
de pequeno e médio porte não sobrevivam. Somados a um custo da
medicina privada incompatível com a capacidade de pagamento de
empresas, indivíduos e famílias. Temos que rever, urgentemente, a
política, o modelo e a forma de financiamento do sistema”, explica.
A situação econômica atual também foi amplamente discutida durante
o 2º Fórum de Saúde Suplementar. Em sua palestra sobre os desafios
a curto médio e longo prazos e as perspectivas para o investimento,
Octavio de Barros, economista-chefe do Banco Bradesco, apresentou
como o cenário macroeconômico afeta as decisões das famílias.
Diante dos mais de seis milhões de desempregados desde 2016, o
economista alerta que o desemprego vem atingindo duramente os
jovens e, com isso, afeta diretamente o setor de Saúde Suplementar.
“A aprovação das reformas trabalhista e previdenciária e a
definição do teto de gastos são fundamentais para recuperar a
confiança e a economia do País”.
No painel sobre Saúde e Desenvolvimento, Marcos Bosi Ferraz,
professor adjunto da disciplina de economia em gestão de saúde do
Departamento de Medicina e Escola Paulista de Medicina UNIFESP,
afirma que o desafio do sistema é fazer escolhas coletivas,
exigindo a reinterpretação do direito do cidadão e a
responsabilização com a saúde. “Temos o desafio de transformar
escolhas individuais, com políticas públicas e que ainda ofereçam o
direito de escolha do indivíduo. Há necessidade urgente de definir
políticas públicas, tanto a saúde suplementar quanto para o setor
público, para fortalecer o sistema”. Representando os contratantes
de plano de saúde, o presidente da Associação Brasileira de
Recursos Humanos do Rio de Janeiro, Paulo Sardinha, afirma que é
preciso colocar a previdência e saúde em debate, para que não se
tornem um problema sem solução. “São assuntos e decisões que, se
não forem discutidos, vão entrar em colapso”, alerta.
O 2º Fórum de Saúde Suplementar continuará a debater outros
temas, como o que mudou após as denúncias sobre a má utilização de
órteses, próteses e materiais especiais, além da judicialização e
as propostas que serão elaboradas pelo setor. As palestras serão
retomadas na amanhã desta quinta-feira, dia 24 de novembro.