O Orkut perdeu seu reinado no Brasil. Segundo a revista Isto
É Dinheiro, pela primeira vez o Facebook fechou um mês na
frente da rede social do Google em número de usuários. A
reportagem, que cita números do Ibope Nielsen Online ainda não
divulgados, diz que o serviço de Mark Zuckerberg terminou agosto
com 30 milhões de usuários no Brasil. O Ibope é um dos institutos
de maior credibilidade em medições na internet.

Para o Orkut, é o fim de uma liderança de mais de sete anos.
Desde que foi lançado e se popularizou, em 2004, nunca foi ameaçado
aqui no Brasil. Sempre foi usado por cerca de 70% dos internautas,
de todas as faixas etárias. Concorrentes nacionais tentaram. Não
conseguiram. Internacionais também, como o MySpace. Nada.
Mais do que tudo: a vitória do Facebook é histórica por desfazer
um mito: o Brasil parecia ter uma relação com o Orkut tão forte
que, ao contrário do resto do mundo, outra rede social, no caso, o
Facebook, não conseguiria quebrar. O País é um dos últimos a
sucumbir à hegemonia da rede de Mark Zuckerberg.
O Facebook, hoje, é quase uma internet dentro da internet. É a
maior rede social do mundo. Sua liderança foi conquistada país a
país, derrubando as redes sociais líderes localmente. A Europa
quase inteira é do Facebook. Países da África, da Oceania, do
Oriente Médio. Todos adotaram a rede como a principal. A América
inteira – do Sul, Central e do Norte – escolheu o Facebook. Quer
dizer, até agora, menos o Brasil. E a Ásia, bem, essa continua com
as redes locais, que são muito fortes por lá.

A pressão para crescer no Brasil foi grande. Imagina uma rede
social em que o mundo inteiro está. Este é o Facebook. Se você
chega no exterior e diz que está no Orkut, ninguém saberá o que é.
E você acaba entrando no Facebook para manter contato com quem você
conheceu em viagens. E convida seus amigos brasileiros, que
convidam outros amigos brasileiros. E daí mais brasileiros passam a
usar. Junte a tudo isso o fato de o Orkut estar saturado e
tecnologicamente defasado. Pronto. Começou a migração.
Mark Zuckerberg esteve no Brasil em 2009. O Facebook era muito
menor do que o Orkut por essas bandas. Mas ele contou ao
Link a sua estratégia. Quando o Facebook foi criado, era
para universitários. Ganhou primeiro a universidade de Harvard.
Depois as universidades ao redor. Depois as universidades dos EUA e
de outros países. Daí abriu para usuários em geral.
A lógica de Zuckerberg: países podem ser como universidades. O
site vai ganhando um país a cada vez. E os países vizinhos vão se
interessando e migrando. A América inteira estava no Facebook. Como
o Brasil iria ficar isolado? “No começo, muitas faculdades pequenas
passaram a usar o Facebook da noite para o dia. Universidades
maiores poderiam levar alguns meses. E isso tende a ser similar à
escala de um país. Em um país grande como o Brasil levará tempo
para chegar a esse estado (passar o Orkut)“, disse ele na
época.
O Orkut tentou segurar a liderança no Brasil. E foi, cada vez
mais, copiando as ferramentas do Facebook. Fotos maiores no avatar,
botão ‘Gostou?’ – lembram do ‘Curtir’? -, games sociais, como o que
lembra o FarmVille. Trocou neste ano, pela primeira vez,
seu logo, para ficar com uma identidade visual mais “moderna” e
“ousada”. Lançou até uma campanha para dizer que o “Orkut não para
de crescer”.
Não deu. Enquanto, em abril, o Orkut estava estagnado, o
Facebook já mostrava uma enorme força: nada menos do que 159% mais
usuários em um ano.No fim de julho, uma pesquisa apontava que o
Facebook já tinha 70% dos usuários do Orkut.
Segundo o responsável pela rede de Mark Zuckerberg no Brasil,
Alexandre Hohagen, esse crescimento se acelerou após a estreia do
filme A Rede Social, no ano passado, e embalou ainda mais
a partir da virada de 2010 para 2011: foram 20 milhões de novos
usuários em um ano, disse em agosto deste ano.
Para o Orkut, a perda da liderança no Brasil deixa um rastro de
incertezas. O País era o único em que a rede social ainda era
relevante. A Índia, outro país em que era historicamente líder,
passou a preferir o Facebook em agosto do ano passado. Quando o
Google lançou neste ano sua nova rede social, o Google+, fez
questão de afirmar que o Orkut não iria acabar. Resta saber: quem
vai usar?