A SulAmérica realizou um evento online para debater ESG (Environmental, social and corporate governance – práticas ambientais, sociais e de governança) na última quinta-feira (10). Para o CEO da companhia, Ricardo Bottas, nestes quase 125 anos de história, a empresa mudou constantemente e evoluiu, mas tendo sempre em foco melhorar a vida das pessoas em todos os produtos e soluções ofertados. O Vice-Presidente de Investimentos, Vida e Previdência, Marcelo Mello, lembrou que a SulAmérica Investimentos foi uma das primeiras gestoras, ainda em 2009, a se tornar signatária dos Princípios para o Investimento Responsável, rede apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O primeiro painel debateu de que maneira as práticas ESG impactam nos processos das organizações. A head de crédito privado da SulAmérica Investimentos, Daniela Gamboa, destacou que a empresa possui o maior fundo de crédito ESG do mercado brasileiro. “O fundo SulAmérica crédito ESG só coloca dentro as melhores companhias de cada um dos setores. Para se definir isso, o mais comum é a utilização do filtro negativo. Isto é, vemos as empresas que não se encaixam nestas práticas e as deixamos de fora, como é o caso de armas e tabaco”, exemplifica. Para o superintendente de Renda Variável da SulAmérica, Juan Morales, o investimento em sustentabilidade evoluiu ao longo das décadas e faz parte do processo de criação de valor para acionistas e stakeholders. “É um conceito que faz parte de um aculturamento na empresa. Na renda variável, trabalhamos com matriz de dados muito rica que faz análise qualitativa de cada fator, dando nota de 1 a 5 para as empresas para identificarmos as com melhores práticas e acompanhar como elas se comportam ao longo do tempo”, explicou. Para ele, esta ferramenta é importante para fazer um ativismo mais assertivo e não apenas de ocasião.
Morales acredita também que o investidor institucional já percebeu a vantagem de incentivar e abraçar empresas que praticam estratégias ESG. “A empresa abraçando essas causas está se dando oportunidade de entrar em novos negócios e trazer um nível de inovação muito grande. Além disso, fideliza ainda mais a base de clientes que já tem e olha para outros. Para a empresa também propicia a mitigação de risco operacional, institucional, redução de custos e capacidade de atrair e reter talentos”, lembrou.
O segundo painel ficou por conta do empreendedor, consultor e especialista em sustentabilidade e clima, Tasso Azevedo, e da conselheira e coordenadora do Comitê de Sustentabilidade da SulAmérica, Cátia Tokoro. Neste segundo momento, foram debatidos os desafios do mundo corporativo no que diz respeito a agenda climática. “O planeta está aquecendo porque estamos aumentando a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Este aquecimento promove mudanças na físico-química da biosfera que geram impacto para a população como o aumento do nível do mar e a qualidade da água. No ritmo que estamos consumindo hoje, vamos chegar num ponto crítico até 2030”, destacou Azevedo. Cátia lembrou que mais do que uma opção, este é um caminho sem volta e necessário para as companhias, já que as novas gerações já vem com esta preocupação com o meio ambiente.
“O desafio é sair de 50 bi de emissões de gases de efeito estufa e chegar de alguma maneira a emissões negativas na segunda metade do século. Existem muitos processos de tomada de decisão no que é possível nas condições que se tem hoje e não sobre o que se precisa fazer e este é o grande desafio das empresas hoje”, salientou Azevedo. Para ele, a questão sócio-ambiental deve ser tratada a nível do conselho porque é ali que se pensa a estratégia de longo prazo das empresas. Sem isso, caminharemos para inviabilizar nossa permanência no planeta Terra.
Finalizou o evento o painel mediado por Mello que debateu sustentabilidade e finanças, que contou com a participação do diretor-presidente da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), Luís Ricardo, o sócio-fundador e diretor executivo da Consultoria Aditus, Guilherme Benites, e o diretor de participações da Previ, Denísio Liberato. Ricardo lembrou que “estimular os critérios de sustentabilidade é tão importante quanto a atenção à questão tributária”, uma vez que este é um tema que veio para ficar e não é apenas um modismo. Isto porque é preciso avaliar os novos tempos, o novo trabalhador, onativo digital e cliente que cobra essas questões ambientais.
Benites também destacou que à medida que o tempo passa, a aceitação e a naturalidade com que os investidores aceitam este tema vai aumentando. “Não é um processo que deve se encerrar em tempo tão curto, mas o primeiro passo já foi dado pelas empresas neste sentido”, ponderou. Liberato trouxe ainda a questão do greenwash que, muitas vezes, dificulta que as pessoas compreendam ações que de fato tem caráter sustentável e as distinguem das que vendem como sustentável, mas na verdade ao longo do processo se mostram pouco sustentáveis. “Se nada for feito, o problema central é que o aquecimento não vai ser resolvido. Não adianta ter um relatório bacana se as ações práticas não trazem o impacto necessário. Neste sentido é importante olhar toda a cadeia e pensar soluções”, afirmou.