Crise fez diminuir a quantidade de consultas médicas e aumentar o número de exames por receio de contaminação, revela Vox Populi
A pandemia de Covid-19 gerou mudança no perfil de utilização dos planos de saúde. A pesquisa do Vox Populi, realizada a pedido do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) em abril de 2021, mostra que o crescimento de exames diagnósticos foi maior do que o de consultas médicas nos 12 meses anteriores à entrevista, invertendo a tendência apresentada nas edições anteriores.
“Enquanto em 2015, 2017 e 2019, a maior frequência de utilização dos planos era para consultas médicas, na edição 2021 o maior crescimento foi de exames diagnósticos. O que reforça o maior monitoramento da contaminação por Covid-19 ou ainda da escolha por parte de pacientes de adiarem cirurgias eletivas em função do risco da pandemia”, analisa José Cechin, superintendente executivo do IESS. Na edição deste ano, 88% dos entrevistados realizaram exames, contra 78% da anterior. O percentual daqueles que realizaram consultas caiu de 86% em 2019 para 71% neste ano.
Cechin alerta, no entanto, que os procedimentos adiados no último ano vêm pressionando o sistema em 2021. “No primeiro trimestre, a realização de procedimentos eletivos provocou um crescimento de 16% na demanda dos planos no período em relação a 2020, e de 8%, na comparação com 2019, segundo levantamento do setor”, analisa.
Em abril deste ano, o Vox Populi ouviu 3,2 mil pessoas (1,6 mil beneficiários e 1,6 mil não beneficiários) em oito regiões metropolitanas do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre, Brasília e Manaus). A íntegra da pesquisa será divulgada pelo IESS no dia 28 de junho.
Quem usa mostra satisfação
O levantamento do Vox Populi mostra que 92% dos beneficiários de planos de saúde avaliaram como “muito bom” e “bom” o atendimento recebido para casos de Covid-19. Essa é a primeira pesquisa que levanta informações sobre atendimentos no período da pandemia.
O resultado é uma média dos números observados em todas as regiões metropolitanas pesquisadas. “A rapidez no atendimento e nos exames diagnósticos são as principais justificativas para a satisfação”, afirma Cechin. “Vale lembrar que a maioria dos beneficiários afirma que o seu plano de saúde disponibilizou atendimento virtual, o tipo de atendimento mais citado e utilizado pelos entrevistados”, acrescenta. Entre os entrevistados, o atendimento recebido foi excelente, com 92% de avaliação positiva.
Plano de saúde é o terceiro maior desejo do brasileiro
Outro destaque da pesquisa Vox Populi / IESS é o de que a pandemia levou o brasileiro a uma mudança no perfil de seus desejos de posse. Como em anos anteriores, contar com um plano de saúde é o terceiro maior desejo do brasileiro, após casa própria e educação. Mas a pesquisa aponta crescimento do desejo de posse de carro próprio, aparelhos celulares, acesso à internet de alta velocidade e computadores. Ou seja, o período da pandemia e as novas necessidades do brasileiro deflagrou um processo de redimensionamento dos desejos da população, ainda que não interfira no ranking de desejos.
Os quatro itens mais desejados (tanto os que já contam com plano quanto os que não são beneficiários) continuam sendo casa própria (1°), educação (2°), plano de saúde (3°) e carro próprio (4°). Olhando as edições anteriores da pesquisa nota-se que houve uma alternância entre educação e casa própria na primeira colocação. Já o plano odontológico, que não era avaliado, ficou na nona posição tanto entre beneficiários quanto não beneficiários.
“O medo de contágio pela Covid-19 fez o carro voltar a ser objeto de desejo do brasileiro como forma de evitar deslocamentos em veículos com aglomerações, enquanto o distanciamento social impôs maior uso de dispositivos eletrônicos e banda larga, para consultas em telemedicina e aulas online para filhos em idade escolar, por exemplo”, aponta José Cechin, superintendente executivo do IESS. “Tanto essa quanto as demais alterações no ranking de bens e serviços desejados podem ser reflexos da crise sanitária atual”, reflete.
Sentimento de segurança na pandemia
De acordo com a pesquisa, mais da metade dos brasileiros sem planos de saúde afirmam que se sentiriam mais seguros frente à pandemia se pudessem contar com o benefício. Entre os pesquisados não beneficiários de plano de saúde, 58% afirmam que estariam mais seguros tendo um plano de saúde neste momento de pandemia de Covid-19.
“Na população entrevistada, apenas 15% dos não beneficiários que sentiram sintomas procuraram o atendimento médico, número inferior aos que possuem plano, com 22%”, compara Cechin. “O índice de segurança trazido pelo plano foi ainda maior na região de Manaus, que viu seu sistema de saúde entrar em colapso”, aponta.
Na região, 72% dos entrevistados disseram que se sentiriam “mais seguros” ou “seguros”. O menor número encontrado na amostra foi de 50% nas regiões metropolitanas de Porto Alegre e Rio de Janeiro.
A íntegra da pesquisa está disponível em https://bit.ly/PesquisaIESS