Assim como estão ocorrendo distorções no mercado depois da lei que proibiu o cheque caução para atendimento médico de urgência, Henrique Shinomata prevê que o mesmo aconteça depois da proibição de 268 planos
Na opinião do vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Seguro, Henrique Shinomata, as 37 companhias vão sentir no bolso a suspensão da comercialização de seus planos de saúde e devem reagir de diferentes formas: recorrendo à decisão, esforçando-se para cumprir os prazos em três meses ou, até, burlando a medida.
De acordo com Shinomata, assim como estão ocorrendo distorções no mercado depois da lei que proibiu o cheque caução para atendimento médico de urgência em maio deste ano, é de se esperar que o mesmo aconteça depois do anúncio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e Ministério da Saúde na tarde desta terça-feira (10/07).
“O mercado sempre começa a se moldar conforme os obstáculos. Apesar disso, a medida é positiva e sinaliza mais uma ação do ministério em favor da mudança do modelo de assistência, agora, mais voltado para a promoção à saúde e qualidade de vida”, diz o especialista.
Uma prática que tem acontecido com frequência no mercado, segundo Shinomata, é a cobrança do cheque caução – travestido de boleto bancário – não mais na porta de entrada da unidade hospitalar, mas na saída. O boleto, muitas vezes, é enviado para a casa do paciente, efetuando a cobrança de procedimentos que o plano de saúde não arcou.
“O paciente é o lado mais fraco. Quando chega um boleto com data de vencimento, a maioria paga, quando o hospital que deveria arcar com os custos a mais. Apenas cerca de 5% dos beneficiários reclama.”, afirma Shinomata.
Mudança de cultura
Mesmo enxergando possibilidade de manobras – sem especificar como – Shinomata acredita que medidas duras como essas são importantes para “forçar” um atendimento digno ao segurado.
“Desde o início da ANS (Lei 9656/98), o ministério está fazendo com que a saúde suplementar mude a visão de atendimento. Antes, o segurado tinha uma carteirinha para passar no médico, realizar exames e, se necessário, ser internado. O governo passou a orientar as operadoras a investirem em medicina preventiva. O Índice de Desenvolvimento da Saúde Suplementar (IDSS) é um exemplo disso”, diz.