13,5% dos sinistros abertos foram considerados suspeitos no primeiro semestre de 2020
O Brasil figura nas listas dos países mais afetados por fraudes, e o setor de seguros é um dos mais visados. Levantamento realizado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) traduziu em números as ameaças que rondam as companhias. No primeiro semestre de 2020, 13,5% dos sinistros abertos foram considerados suspeitos, sendo que 15% desse total foram comprovados como fraudes, um prejuízo de R$ 329,5 milhões.
Esse contexto é agravado pela crise financeira e pelos efeitos da pandemia. Pesquisas recentes apontam o aumento no índice de fraudes digitais após a intensificação do uso da internet como plataforma de negócios. Nesse cenário, a tecnologia desponta como ferramenta indispensável para mitigar riscos, acelerar processos e melhorar a tomada de decisões no setor de seguros.
Para entender o papel dos softwares no combate a fraudes, JRS conversou com Luana Paganini, embaixadora da área de Seguros da Neoway. A empresa é líder da América Latina em soluções digitais de Big Data Analytics e de Inteligência Artificial e ajuda as seguradoras a evitar perdas por meio da análise de dados precisa e inteligente.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
JRS: Quais os principais tipos de fraude no setor de seguros e os impactos para as seguradoras?
Luana Paganini: As fraudes podem acontecer em vários momentos, desde a entrada do cliente até a abertura e pagamento do sinistro. Alguns exemplos são: informações incorretas na solicitação do seguro; falsos incidentes que visam a abertura dos sinistros; pedidos de indenizações por lesões não existentes ou até danos inexistentes por serviços nunca prestados. Como diz o Head de Prevenção à Fraude na Neoway, Rafael Peretti, as fraudes podem ser cometidas por todas as partes interessadas no negócio: solicitantes do seguro; o próprio segurado; terceiros que querem ser indenizados; profissionais que prestam serviços para as seguradoras; corretores de seguros; colaboradores das próprias seguradoras. Por isso, é tão importante fazer o devido monitoramento de toda a esteira de riscos. Entre os impactos sofridos pelas seguradoras, o financeiro chama muito a atenção, com prejuízos milionários no pagamento de indenizações que não deveriam ter sido pagas.
JRS: Como atuar de forma preventiva nos mais variados cenários?
L.P.: A atuação preventiva é feita em três frentes que contam com as soluções de Big Data Analytics e de Inteligência Artificial da Neoway: compliance (a partir da avaliação de critérios de conformidade de fornecedores e suas partes relacionadas, como sócios das empresas, por exemplo); onboarding (a partir da validação dos dados fornecidos pelos clientes no processo de aceitação e levantamento de possíveis riscos, por exemplo, contratação de seguros por pessoas com confirmação de falecimento na receita federal); e o sinistro (a partir do uso de tecnologia para checar a veracidade de todo o processo e criar esteiras com scores de riscos e propensões a fraudes, para diferenciar bons clientes, com baixa probabilidade de fraude, dos possíveis fraudadores. Esses fluxos são customizáveis e podem contar com etapas de validação de documentos, processos de validações biométricas, quizzes de identificação e até a inclusão de variáveis mais complexas de varredura de dados).
JRS: Dê exemplos de como funcionam essas tecnologias na prática…
L.P.: Há uma série de tecnologias que facilitam a identificação de fraudes, com destaque para a documentoscopia, capaz de detectar irregularidades em qualquer documentação, seja física ou digital. Trata-se de uma técnica que usa inteligência artificial para comparar os dados e o padrão do documento pessoal (como estilo de escrita, assinatura e até marcas de impressão e carimbo) com documentos disponíveis em órgãos públicos. Tudo isso é feito de maneira automatizada, em questão de minutos, e com alto índice de acerto.
JRS: Qual o papel da tecnologia para evitar pagamentos indevidos?
L.P.: A tecnologia tem contribuição decisiva nas análises dos pagamentos a serem feitos – ou não – após a abertura dos sinistros. Esse é um momento delicado: a seguradora precisa dar uma resposta rápida para garantir uma boa experiência do segurado, mas todas as possibilidades de fraudes devem ser consideradas minuciosamente. Havendo suspeitas de irregularidades, não basta reunir os indícios; é preciso comprová-las para justificar a recusa do pagamento do sinistro. No caso da Neoway, esse processo conta com os insights de um “score” automatizado, ou seja, uma classificação que indica a probabilidade do cometimento de fraude. Assim, utilizando inteligência de dados, as seguradoras podem validar todos os pontos que importam na análise do sinistro e tomar decisões rápidas e seguras antes de realizar os pagamentos.
JRS: Qual seria o fluxo ideal de combate à fraude no momento do sinistro?
L.P.: Nós desenvolvemos na Neoway um fluxo automatizado focado na etapa de sinistros. A partir dele, é possível compreender todo o trajeto da análise de dados e a contribuição essencial da tecnologia em cada etapa de verificação. Confira abaixo:
JRS: Para finalizar, quais os ganhos e impactos do uso da tecnologia dentro das seguradoras?
L.P.: O ganho principal é a capacidade de mitigar riscos para tomar decisões mais rápidas, precisas e seguras com base em evidências. Consequentemente, evita-se o desperdício de dinheiro com o pagamento indevido em casos fraudulentos. Além disso, a tecnologia ajuda a tornar a experiência do cliente melhor e mais fluida, eliminando burocracias como a demora no processo de aceitação. Não à toa o investimento em tecnologia cresce rapidamente no setor. Diante da forte digitalização da indústria e de uma massa de dados cada vez maior, saber usar a tecnologia para gerar conhecimento é um importante diferencial competitivo.