As empresas de seguro já sentem e repassam os efeitos do conflito na Ucrânia. O mais imediato é um aumento das apólices, pela elevação dos riscos e do custo de capital. Para setores como aviação, agronegócio e segurança cibernética, as perdas parecem inevitáveis e os impactos já são reais. As informações são de uma matéria veiculada pelo Valor Econômico nesta quinta-feira (31).
Limitar a exposição ao conflito é a regra geral. Com as sanções à Rússia, nenhuma seguradora aceita mais contrato que envolva o país. Com a dependência do Brasil aos fertilizantes russos e ucranianos, seguradoras que atuam no setor agropecuário já registram alta no volume de roubos de carga. “Embora se fale em três a quatro meses de estoque, a possibilidade de escassez aumenta os riscos”, explicou Thiago Tristão, vice-presidente de riscos corporativos da MDS.
Entretanto, os efeitos da guerra não são iguais para todos. Para a Gallagher do Brasil, a previsão de impacto é pequena porque os negócios do grupo na Rússia são pequenos. Dos US$ 8,2 bilhões de faturamento no ano passado, apenas US$ 6 milhões foram na Rússia. “O maior impacto da guerra no mercado segurador é a instabilidade política internacional e o custo de capital”, afirma Rodrigo Protásio, presidente da Gallagher do Brasil.
As seguradoras também não estão mais aceitando seguro de navios e cargas transportadas para a Rússia ou vindas de lá. A participação russa na economia brasileira é pequena, o que reduz o impacto direto da guerra no país, segundo alguns executivos. Mas há temor de novos desdobramentos.
Um dos impactos mais temidos é o do uso de ciberataques. A guerra também apresenta uma batalha paralela de desinformação, fake news e exposição a vírus cibernéticos, além do conflito armado. Os ataques pela internet representam uma dificuldade extra para uma seguradora provar a ligação entre a guerra e a invasão cibernética, o que a livraria de prejuízos.
A Austral Seguradora até agora sentiu pouco reflexo da guerra em sua carteira. “O Brasil pode ser um porto seguro no cenário global”, diz Rodrigo Campos, diretor de subscrição da Austral. Ele vislumbra a possibilidade de um incremento na indústria nacional de petróleo para suprir o mercado internacional, o que exigiria seguro para novos campos e ativos de exploração e produção, e em uma ampliação do ainda incipiente mercado brasileiro de seguros contra os ataques cibernéticos.