Cinco bebês desenvolveram a doença; estimativas indicam
que deve passar de cem o total de recém-nascidos que foram
infectados pela bactéria
Subiu para 18 o número de bebês contaminados com o bacilo da
tuberculose (bacilo de Koch) na maternidade do hospital Madre
Theodora, em Campinas (SP). O balanço das primeiras 166 análises de
crianças que nasceram entre janeiro e junho e que tiveram contato
com o foco de transmissão do surto investigado pela Secretaria da
Saúde indica que deve passar de cem o total de recém-nascidos que
foram infectados pela bactéria.
Os 18 casos são uma parcial dos exames já realizados até agora,
de 354 análises que serão feitas no primeiro grupo. Cinco dos bebês
estão com a tuberculose e estão sendo tratados com três tipos de
antibióticos por seis meses. Os outros 13 foram contaminados com o
bacilo, mas não adoeceram."Chamamos de infecção latente, essas
crianças também terão que passar por tratamento por seis meses, mas
com apenas um tipo de droga", explica a coordenadora do programa de
tuberculose, da prefeitura de Campinas, Maria Alice Satto.
Outros três casos não apresentaram traço do bacilo, mas o quadro
clínico e o histórico de saúde fizeram com que fossem pedidos
exames mais detalhados para se confirmar ou descartar a
tuberculose.
De acordo com a literatura médica, esse é o segundo caso
descrito de transmissão inter hospitalar de tuberculose em
recém-nascidos no mundo- o primeiro aconteceu na Itália. Lá o
índice de casos foi de 8% para crianças com infecção latente, para
um número de equivalente de crianças que tiveram contato com o foco
de transmissão - 1,3 mil, no caso do Madre Theodora.
"A incidência atual é de 7,8% e não haverá grande variação. A
maioria das crianças não teve contato direto com a funcionária do
hospital suspeita de ser ter transmitido a doença", explica a
coordenadora. A Secretaria de Saúde estima à partir desses números
que vai passar de cem o total de crianças com infecção latente do
grupo de 1,3 mil analisados.
A origem da contaminação foi uma técnica em enfermagem que
trabalha no hospital, que foi diagnosticada com tuberculose, após a
notificação da vigilância, e já está afastada para tratamento.
A tuberculose é uma doença infecciosa que tem cura. Em
recém-nascidos, tanto o diagnóstico como o tratamento são mais
difíceis. Ela é uma doença que afeta principalmente os pulmões,
transmitida pelo ar, pelas gotículas de saliva. Bebês não são
considerados transmissores da bactéria.
Faltam 188 crianças para serem examinadas no primeiro grupo de
354, que foram aqueles que tiveram contato direto com a enfermeira,
explica Satto. Em seguida, começarão os exames em outros 1 mil
bebês. Para análise das crianças nascidas nesse período no Madre
Theodora, foi montado pela Secretaria de Saúde um protocolo de
diagnóstico em parceria com as universidades de Campinas. Ele
prevê, entre outras coisas, análise de curva de crescimento,
desenvolvimento dos bebês, raio-X de tórax e testes com
reagentes.