Presidente da Sociedade Brasileira para Estudos da Fisiologia, Ítalo Rachid, diz que existem pontos da resolução do CFM que estão corretos. Porém, outros incompatíveis com a própria fisiologia humana
Durante o II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM) foi oficialmente lançada a Sociedade Brasileira para Estudos da Fisiologia (Sobraf). Uma das primeiras atribuições da entidade é reiterar e esclarecer alguns aspectos da nova resolução do Conselho Federal de Medicinaque condena a prática do anti-aging (antienvelhecimento) no Brasil.
De acordo com o médico ginecologista Ítalo Rachid, que ocupará o cargo de presidente da Sobraf, existem pontos da resolução que estão corretos e corroboram as boas práticas médicas. Porém, outros são incompatíveis com a própria fisiologia humana. “Ao proibir ‘a prescrição de tratamentos baseados na reposição, suplementação ou modulação hormonal para prevenir a perda funcional da velhice, doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável, o CFM não apenas atinge os médicos que praticam anti-aging, mas também especialidades que se utilizam dos hormônios para a redução das comorbidades do envelhecimento.
É o caso dos ginecologistas, que repõem o estradiol na menopausa para prevenir a perda de massa óssea, melhorar a lubrificação vaginal e a sexualidade feminina; andrologistas e urologistas, que prescrevem testosterona, largamente utilizada em todo mundo para melhoria da composição corporal, redução do percentual de gordura e melhoria da insulina, uma vez que nenhuma dessas são doenças, mas condições clínicas que podem levar a doenças”. Para ele, os esforços da Sobraf visam também a salvaguardar o direito dos médicos de optarem livremente pela utilização de um modelo de medicina preventiva, desde que amparados por fundamentação científica e prática clínica direta na área.
Diferentes conceitos
O geriatra Jorge Jamili, que assumirá o cargo de vice-presidente da entidade, ressaltou que a resolução do CFM levantou uma questão de interpretação sobre o anti-aging que certamente irá confundir a extensão das novas proibições impostas. “As práticas anti-aging são adotadas para promover o envelhecimento saudável, não barrá-lo”, disse.
Para ele, hormônios são importantes e devem ter seus protocolos seguidos. “Nós, que lidamos com a longevidade saudável, defendemos isso; até porque nossas práticas não se resumem apenas à prescrição de hormônios, mas a todo um tratamento, cuja evolução é acompanhada e os resultados aferidos para garantir bem estar aos pacientes. Um modelo que conjuga também alimentação saudável, prática regular de atividade física e controle do estresse. E nenhuma delas envolve o uso de EDTA, procaína ou megadoses de vitaminas e antioxidantes”, complementou.
O advogado Valter Carretas, que representa a Sobraf, afirma: “lançaremos mão de instrumentos judiciais para garantir que nossos médicos associados possam atuar de acordo com seus direitos de praticar livremente a medicina, em benefício da saúde humana.”