Número de catástrofes em todo o mundo saltou para 900 por ano a partir de 2006 – na década de 1980, dificilmente passava de 500. Companhias de seguros aconselham governos a intensificar medidas de precaução.
O relatório sobre as catástrofes do ano 2012 da Munich Re, maior resseguradora do mundo, veio recheado de eventos. O furacão Sandy, seca e uma série de tornados no meio-oeste dos Estados Unidos, terremoto na Itália e o tufão Bopha nas Filipinas foram apenas cinco dos mais de 900 desastres naturais registrados no mundo, os quais somaram prejuízos no valor de 160 bilhões de dólares.
Desde 2006, quase não houve um ano com menos de 900 desastres naturais. Ainda na década de 1980, um ano com cerca de 500 desastres era considerado excepcional.
O terremoto de Tohoku, no leste do Japão, que levou à catástrofe nuclear na usina de Fukushima, foi o desastre natural mais caro da história. Até agora, custou 235 bilhões de dólares. O furacão Katrina, que em 2005 inundou grande parte de Nova Orleans, segue em segundo lugar, com 81 bilhões de dólares.
As companhias de seguros arcam com grande parte desses prejuízos. Mas nem todas as consequências das catástrofes estão cobertas. O furacão Sandy, por exemplo, causou danos estimados em 60 bilhões de dólares, mas apenas 25 bilhões estavam segurados.
Em todo o mundo, o número de pessoas que necessitam de ajuda financeira para reconstruir suas vidas após de um desastre natural é maior do que nunca. Mas será que elas recebem essa ajuda?
À espera de dinheiro
O caso de Betty Ann Fuller, de 61 anos, é um exemplo típico de como pode ser complicado um processo de regularização de sinistros. Desde que o furacão Sandy destruiu sua casa, em outubro de 2012, até agora ela recebeu apenas dois pagamentos no valor de 1.410 dólares para despesas básicas, proporcionados pela Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA, na sigla em inglês), órgão de coordenação nacional para socorros em desastres nos Estados Unidos.
Fuller ainda está esperando pagamentos de sua seguradora, no valor de 223 mil dólares pela casa, 31 mil por perda de rendimentos que seriam obtidos com aluguel e 1,5 mil dólares relativos a outras despesas. “Eu tive que listar tudo que havia em minha casa para a seguradora, incluindo papel higiênico.”
Preparativos para futuros desastres
Robert P. Hartwig, presidente do Insurance Information Institute, uma organização da indústria de seguros sediada em Nova York, quer encorajar proprietários de imóveis que já perderam a esperança. Ele vê uma diferença grande entre empresas de seguros privadas e programas governamentais.
“Para seguradoras privadas ou para o setor de resseguros, não há abismo fiscal”, destaca. “A indústria se prepara, reservando dinheiro no banco antes de um desastre acontecer e não passa a agir só depois do ocorrido. Isso é uma responsabilidade que as seguradoras e resseguradoras em todo o mundo levam muito a sério.”
Uma abordagem importante é, por exemplo, limitar de antemão o dano em potencial. Carl Hedde, diretor do setor de acumulação de risco da Munich Re tem como meta preparar melhor os proprietários de imóveis e suas casas contra desastres naturais. “Nos últimos anos, o Insurance Institute for Business and Home Safety construiu na Carolina do Sul as maiores instalações mundiais de pesquisa do setor. Apoiamos na revisão das regulamentações de construção e testamos materiais de construção.”
Tais medidas podem ajudar a salvar casas como a de Fuller. Atingida pelo vento e pela chuva, sua casa foi destruída pelo incêndio que atingiu ao todo 30 residências.
“Não tenho família. Então perdi toda a minha vida”, lamentou, em entrevista à Deutsche Welle. “Quando saí de casa, levei a roupa para três dias, uma foto da minha mãe e do meu pai, e as cinzas de meu filho. Meu filho morreu em 2007, aos 25 anos. Eu tinha guardado todos os seus diários e itens pessoais. Agora estou arrasada, porque eu perdi todas aquelas lembranças.”