Defasagem da tabela de procedimentos do SUS impõe um
déficit de R$ 5 bilhões por ano às instituições, responsável por
uma dívida total de cerca de R$ 12 bilhões
Santas Casas não realizarão procedimentos eletivos (não
urgentes) dia 8 de abril como forma de demonstrar à população a
delicada situação financeira que os hospitais enfrentam. O
principal objetivo é promover a discussão e um alerta à sociedade
sobre o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde.
O ato está sendo organizado em conjunto pela Confederação das
Santas Casas, a Frente Parlamentar de Apoio às Santas Casas e
Hospitais Filantrópicos, em parceria com as Federações e Frentes
Parlamentares Estaduais.
As entidades destacaram que a manutenção da assistência nas
urgências e emergências são primordiais para que a população não
sofra desassistência generalizada.
Reivindicação
A pauta de reivindicações do movimento é o reajuste de 100% para
os procedimentos de média e baixa complexidade da Tabela SUS. As
entidades participantes formalizarão a adesão ao Ato, informando as
autoridades de saúde estaduais e municipais sobre a paralisação do
atendimento.
O Movimento Tabela SUS- Reajuste Já teve início em 2012 e vem
promovendo diversos encontros e ações públicas para mobilizar a
sociedade. “Contamos com a compreensão dos brasileiros nesta luta,
cujo êxito trará ganhos significativos para toda a sociedade.
Defendemos o diálogo que garanta algumas medidas emergenciais para
que os hospitais mantenham o atendimento”, afirma, em comunicado, o
diretor-presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais
Beneficentes de São Paulo – Fehosp – Edson Rogatti. A defasagem da
tabela de procedimentos do SUS impõe um déficit de R$ 5 bilhões por
ano às instituições, responsável por uma dívida total de cerca de
R$ 12 bilhões.
A maioria dos seus hospitais utiliza mais de 90% da capacidade
no atendimento gratuito, embora a legislação exija apenas 60%.
Hoje, algumas já fecharam as portas e muitas estão diminuindo o
número de atendimentos para o SUS como forma de atenuar o déficit
operacional. “Quando um hospital deixa de atender um paciente do
SUS não o faz porque não é vantajoso, mas porque não é possível”,
ressalta Rogatti.
Somente no Estado de São Paulo, as entidades filantrópicas
respondem por 50,26% dos leitos públicos, realizando 50,78% das
internações. Além disso, 56% das instituições estão localizadas em
cidades com até 30 mil habitantes, assumindo posição estratégica
para a saúde desses municípios, sendo os únicos a oferecerem leitos
em quase 1 mil municípios de menor porte.
“Não podemos negar que a EC 29 trouxe avanços para o setor, como a
determinação do que, de fato, é gasto em saúde. Mas, da forma como
o texto foi aprovado, a área está deixando de receber cerca de R$
35 bilhões. Dinheiro que, sem dúvida, deveria estar sendo empregado
no atendimento à população no Sistema Único de Saúde (SUS). O
centro do problema é a defasagem da tabela de procedimentos do SUS.
Esse documento determina quanto o Governo deve pagar por cada
intervenção realizada nos pacientes da rede pública. No geral, o
déficit é de 40%, ou seja, para cada R$ 100,00 gastos os hospitais
recebem R$ 60,00. E isso ocorre há anos, minando aos poucos a
sobrevivência dos filantrópicos”, finaliza o diretor-presidente da
Fehosp.
Números
-42 % dos transplantes realizados no Brasil, em 2011, foram
feitos nas Santas Casas e Hospitais Beneficentes.
-79% dos transplantes de pâncreas foram realizados nas Santas
Casas e Hospitais Filantrópicos, assim como 54% dos transplantes de
pulmão e 59% dos transplantes de rins.-Em 2010, a Santas Casas
realizaram 85 milhões de procedimentos, isto representa 9% do
total, consumindo 30% dos gastos. E os procedimentos mais complexos
estavam inseridos neste montante.-Só no Estado de São Paulo, em
2010, foram dois milhões e quinhentas mil internações, sendo 50%
realizado em Santas Casas e Hospitais Beneficentes.
-Dos 645 municípios do Estado de São Paulo, em 212 só existe uma
Santa Casas ou hospital beneficentes respondendo pelo atendimento
de toda a população.-O SUS paga por um atendimento de urgência com
observação de 24h e atenção especializada R$ 12,47.
-Uma consulta médica com observação de 24h é paga por R$ 12,47
pelo SUS.
-Uma consulta médica de pronto atendimento o SUS paga R$
11,00
-Um eletrocardiograma custa pelo SUS R$ 5,15.
-Um exame de Urina, tipo 1, sai por R$ 3,70 no SUS.
-Uma dosagem de Creatinina custa no SUS R$ 1,85.
Conheça a origem das Santas Casas
As Santas Casas de Misericórdia nasceram em Portugal antes que o
Brasil fosse descoberto. A primeira delas foi fundada em Lisboa em
1498. Antes destinada a alimentar famintos, dar assistência aos
enfermos, consolar tristes, educar os enjeitados e sepultar os
mortos. A primeira Santa Casa do Brasil foi criada em 1539, em
Olinda (PE), seguidas pela de Santos (SP) em 1543, Vitória (ES) em
1545, Salvador (BA) em 1549 e São Paulo (SP) em 1560.