O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou, nesta
quinta-feira (11), um pacote de iniciativas que visam impulsionar a
indústria brasileira no setor Saúde. Foram firmadas oito parcerias
entre laboratórios públicos e privados para a produção nacional de
medicamentos e equipamentos, gerando economia de R$ 354 milhões em
cinco anos.
O governo federal também vai disponibilizar R$ 7 bilhões para a
concessão de crédito a empresas brasileiras com projetos no campo
da saúde, além da injeção de R$ 1,3 bilhão na infraestrutura de
laboratórios públicos.
“A economia do governo gerada com a produção nacional chega ao
paciente do Sistema Único de Saúde. Quanto menor o gasto do governo
com a importação, mais medicamentos poderão ser ofertados
gratuitamente pelo SUS”, explicou o ministro Padilha.
Também foram assinados acordos de cooperação entre Anvisa, INPI
e ABNT para dar celeridade ao processo de concessão de patentes e
registro a produtos prioritários para a saúde pública. O pacote de
medicas visa tornar o mercado de Saúde brasileiro mais pujante e
independente em relação ao mercado externo. Com isso, será possível
reduzir o déficit do setor, que atualmente está em R$ 10,5
bilhões.
Além do ministro Padilha, participaram da reunião os ministros
do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Fernando
Pimentel, e de Ciência e Tecnologia (MCTI), Marco Antonio Raupp, e
os presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Luciano Coutinho, da Fiesp, Paulo Skaf, e da FINEP,
Glauco Arbix.
“As iniciativas anunciadas hoje são fruto de um trabalho que vem
sendo desenvolvido pelos três ministérios, e estamos satisfeitos
com os resultados. O fato de ter 35 empresas e laboratórios
envolvidos na pesquisa e na produção de novos medicamentos e outros
produtos de saúde já é um avanço para a nossa indústria”, comemorou
Pimentel. Raupp destacou que as medidas fazem parte do Plano Brasil
Maior, que visa fortalecer a indústria brasileira, dando maior
autonomia ao País em relação à produção de itens prioritários ao
mesmo.
ACESSO A TRATAMENTOS – Por meio das parcerias para o
desenvolvimento produtivo (PDP) entre laboratórios públicos e
privados, o Ministério da Saúde quer garantir o acesso a
tratamentos de alto custo e ampliar o atendimento aos pacientes do
Sistema Único de Saúde (SUS). Com os novos acordos, estarão em
vigor um total de 63 parcerias entre 15 laboratórios públicos e 35
privados para a produção nacional de 61 medicamentos e seis
equipamentos. Estima-se que essas PDPs resultem em uma economia
anual aproximada de R$ 2,5 bilhões para o Ministério da Saúde.
As oito novas parcerias preveem a transferência de tecnologia
para produção de cinco medicamentos, uma vitamina e quatro
equipamentos que, atualmente, são consumidos por quase 754 mil
pessoas. A maior parte desses produtos é importado pelo Ministério
da Saúde e ofertado no Sistema Único de Saúde.
O laboratório público paulistano Fundação para o Remédio Popular
(Furp) está envolvido em três novas parcerias para a produção de um
medicamento e quatro equipamentos com diferentes parceiros. Em
parceria com a EMS/Nortec, a Furp vai produzir um medicamento
contra o mal de Alzheimer, a Galantamina. Com a Firstline, vai
fabricar espirais de platina, usadas nas cirurgias de aneurisma
cerebral. E com a Politec, produzirá três aparelhos auditivos.
Além da Furp, o Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul,
em parceria com a Cristália, vai produzir três medicamentos para
malária e leishmaniose, doenças chamadas de “negligenciadas”:
cloroquina, anfotericina B e anfotericina B lipossomal. Serão ainda
travadas parcerias entre o Laboratório Farmacêutico da Marinha e o
Núcleo de Pesquisas Aplicadas Ltda com três laboratórios privados
(EMS, Geolab e Blanver) para a produção de um polivitamínico usado
para anemia profunda indicado para crianças até 3 anos. Já a
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o laboratório privado NTPharm vão
produzir o antirretroviral (HIV Aids) darunavir.
Pelos acordos, os laboratórios estrangeiros se comprometem a
transferir, aos laboratórios brasileiros, a tecnologia para a
produção nacional do medicamento ou da vacina, dentro de um prazo
de cinco anos. Como contrapartida, o governo garante exclusividade
na compra desses produtos – pelos menores valores cotados no
mercado mundial – durante esse mesmo período.
Outra iniciativa envolvendo laboratório público é o acordo entre o
Instituto Butantan e a Empresa Brasileira de Hemoderivados
(Hemobrás) para cooperação técnico-científica no desenvolvimento de
pesquisas e produtos derivados do plasma humano e medicamentos
biotecnológicos. A ideia é unir a qualidade de produção da
Hemobrás, a expertise em pesquisa do Butantan e a Política Nacional
de Sangue, que garante universalização da assistência
hemoterápica.
FINANCIAMENTO – Também foram lançados nesta quinta-feira (11)
dois editais do BNDES, da Finep e do Ministério da Saúde de seleção
pública de planos de negócio de empresas com projetos voltados ao
desenvolvimento do que há de mais modernos em termos de
medicamentos, os chamados biológicos, que tratam doenças como
câncer e atrite, além de medicamentos tradicionais e equipamentos
de saúde.
O programa, batizado de Inova Saúde, envolve R$ 2 bilhões de
recursos. O ministério vai selecionar os melhores projetos que
envolvem produtos prioritários para o SUS. Além disso, o BNDES
lança a terceira etapa do programa Profarma, que cria uma linha de
financiamento envolvendo R$ 5 bilhões para apoiar empresas com
projetos de desenvolvimento de biotecnológicos no Brasil.
PATENTES – Durante o evento, o Instituto Nacional de Propriedade
Intelectual (INPI) formalizou o compromisso com o Ministério da
Saúde de dar prioridade à análise da patente de produtos
estratégicos para o SUS, conforme resolução publicada na última
terça-feira (9). Com isso, a expectativa é que o tempo de análise
de patentes seja reduzido de 9 anos para 9 meses.
Estão inseridos no grupo dos produtos estratégicos para SUS, por
exemplo, medicamentos para câncer, AIDS e doenças negligenciadas. A
iniciativa estimula a inovação e pode facilitar a discussão sobre o
preço de um novo produto ou abre caminho para a produção de
genéricos.
Na reunião, foram assinados ainda três acordos de cooperação. Os
ministérios do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, da
Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), se
comprometeram a elaborar estratégias para agilizar os processos
para registro de novos produtos e para a autorização de
funcionamento de plantas industriais para investidores nacionais e
estrangeiros interessados em implantar novos empreendimentos no
país.
Também foi assinado acordo com a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) e Associação Brasileira da Indústria de
Equipamentos e Artigos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de
Laboratórios (ABIMO), para divulgar à indústria nacional as normas
técnicas internacionais específicas para produção de equipamentos e
medicamento e, assim, preparar as empresas para competir no mercado
global.