De acordo com pesquisa da Associação Paulista de Medicina (APM), em parceria com 22 especialidades médicas*, com o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo e a Federação Nacional de Associações de Prestadores de Serviço de Fisioterapia, 80% dos médicos, 88% dos cirurgiões-dentistas e 87% dos fisioterapeutas já se descredenciaram ou pretendem se descredenciar de planos de saúde.
O estudo revela que o alto grau de insatisfação dos prestadores de serviço das três áreas com os planos de saúde ocorre principalmente em virtude de abusos, como pressões para reduzir solicitações de exames essenciais, dificuldades para receber pelos serviços prestados (glosas), restrição a procedimentos de alta complexidade, defasagem dos honorários e interferência nos prazos de internação, entre outros nocivos à correta prática e à assistência segura aos pacientes.
Quando solicitados a fazer uma avaliação geral dos planos, 6% dos médicos cravaram índices ótimo (2%) e bom (4%). No caso dos cirurgiões-dentistas, houve 1% para ótimo e 2% para bom. Já entre os fisioterapeutas, nenhum dos pesquisados avaliou a assistência na saúde suplementar como ótima ou boa.
Sobre práticas comuns que interferem na assistência, as três primeiras apontadas pelos fisioterapeutas foram: glosas indevidas e/ou lineares (89%); restrição ao número de atendimentos fisioterapêuticos em ambulatório (87%); realizar substituição de códigos de procedimentos, sempre para valores menores (87%).
Os cirurgiões-dentistas apontam a exigência de raio-X inicial e final (84%); a não autorização de procedimentos (71%); e as glosas imotivadas (67%).
Os médicos, por sua vez, indicam, nos três primeiros lugares de ações abusivas, a não autorização de procedimentos ou medidas terapêuticas (77%); a restrição a procedimentos de alta complexidade (69%); e ações para dificultar atos e diagnósticos terapêuticos mediante a designação de auditores (69%). Outro ponto bastante citado foi a interferência no tempo de internação dos pacientes (42%).
O item remuneração registra a insatisfação de 98% dos médicos, 97% dos cirurgiões-dentistas e 98% dos fisioterapeutas. E ainda, médicos (61%), dentistas (70%) e fisioterapeutas (58%) confirmam que reduziram o número de procedimentos ou cirurgias em virtude da má remuneração.
Realizada entre os dias 3 e 14 de abril, a pesquisa foi feita com cerca de 5 mil prestadores, somadas as três profissões.
*Especialidades
Acupuntura
Anestesiologia
Cardiologia
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