Associações brasileiras de medicina emitiram neste sábado (22) uma nota em que classificam como "inócua, paliativa e populista" a medida de trazer médicos do exterior para que trabalhem no SUS, reiterada pela presidente Dilma Rousseff durante um pronunciamento na última sexta-feira (21).
Para as organizações, médicos estrangeiros podem ter conhecimentos insuficientes, trazidos "sem qualquer critério de avaliação ou com diplomas validados com regras duvidosas."
O texto, assinado pelas entidades CFM (Conselho Federal de Medicina), a AMB (Associação Médica Brasileira), a ANMR (Associação Nacional de Médicos Residentes) e a Fenam (Federação Nacional dos Médicos), diz:
"O caminho trilhado é de alto risco e simboliza uma vergonha nacional. Ele expõe a população, sobretudo a parcela mais vulnerável e carente, à ação de pessoas cujos conhecimentos e competências não foram devidamente comprovados."
A carta, disponível na íntegra nesta página do CFM, também diz que a medida, citada em pronunciamento em resposta às manifestações pelo país, não compensará a "falta de leitos, de medicamentos e ambulâncias paradas por falta de combustível", escondendo os "reais problemas que afetam o Sistema Único de Saúde."
O pronunciamento da presidente diz que seria tomada "de imediato" a atitude de "trazer milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do SUS".
Anteriormente, os órgãos já haviam se posicionado contra a decisão do governo federal, que permitirá a atuação de médicos da Espanha e de Portugal sem que façam prova.
Entre os médicos estrangeiros que atuariam no país, cerca de 6.000 deles seriam cubanos. As unidades médicas propõem como prova para os médicos oriundos do país da América Central o Revalida (exame nacional de revalidação de diplomas médicos), do Ministério da Educação.