Segundo pesquisa divulgada neste domingo (30) pelo jornal Folha de S. Paulo, a saúde é o maior problema atual do Brasil. O levantamento do Datafolha revelou que 48% dos entrevistados apontaram o setor como crítico. Ele ocupa o primeiro lugar nas pesquisas do instituto há muitos anos, mas dessa vez atingiu índice recorde: em dezembro de 2012 era de 40%, e em março de 2011 de 31%.
O segundo lugar pesquisa ficou com a educação, com 13%, seguida pela corrupção (11%), segurança (10%) e desemprego (4%). Realizada entre as últimas quinta (27) e sexta-feira (28), foram ouvidas 4.717 pessoas de 196 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
CenárioOs governos federal, estaduais e municipais são responsáveis por 42% dos gastos com saúde no País, enquanto famílias e instituições sem fins lucrativos respondem pelos 58% restantes. Segundo dados de 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os gastos públicos em saúde representaram 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto os gastos privados alcançaram 4,9%.
“Não alcançamos uma universalidade completa com o Sistema Único de Saúde [SUS]”, disse Lígia Giovanella, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública, à Agência Brasil. “Nos países que têm realmente sistemas universais de saúde, os gastos públicos correspondem a 80%.”
Segundo ela, além de gastar menos do que as famílias, o Estado brasileiro também gasta menos do que outros países que possuem sistemas públicos universais, como a Espanha, o Reino Unido e a Suécia, que investem em torno de 7% a 9% do PIB.
“O SUS sofre de um subfinanciamento crônico. Quando a população vai às ruas clamar por mais recursos públicos na saúde, ela tem toda razão. Nosso gasto público com saúde é menor do que 4%. A gente precisa de pelo menos 8% do PIB. Precisamos dobrar os gastos. Nossas riquezas nacionais nos permitiriam ter gastos mais elevados com saúde”, disse a pesquisadora.
De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, relativos a 2010, os gastos federais com saúde representaram R$ 63 bilhões. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério, o governo quase triplicou investimentos no setor entre 2002 e 2012, já que o valor investido na saúde passou de R$ 28,3 bilhões em 2002 para R$ 95,9 bilhões em 2012. Para 2013, há uma previsão de aumento para R$ 99,3 bilhões.