Os planos de saúde vão ficar mais caros para quase 8,5 milhões de brasileiros. E o reajuste autorizado é maior que a inflação.O aumento atinge um quinto dos usuários de planos de saúde do Brasil.
As operadoras já podem reajustar os planos individuais e familiares em até 9,04%. O índice definido pela Agencia Nacional de Saúde Suplementar é o maior em 8 anos, e bem maior que a inflação dos últimos 12 meses, que foi de 6,4%.A ANS não explica como é feita a conta para chegar nesse número, apenas o que levou em consideração.Para definir o índice de reajuste dos planos individuais, a ANS usa o índice de reajuste dos planos coletivos, definidos em negociações entre empresas e operadoras, e também a nova lista de procedimentos cobertos pelos planos.
Especialistas criticam o uso dos planos coletivos como referência para o reajuste. “A gente entende que esse percentual é muito elevado. Porque não teve clareza por parte da ANS. Assumir que está tendo por parâmetro o que os planos coletivos fazem é um absurdo”, comenta a advogada Estela Tolezani.As operadoras usam, principalmente, a lista de procedimentos para justificar o aumento. Entre os 60 novos procedimentos que os planos devem cobrir estão cirurgias com uso de vídeo, como a de redução de estômago, e medicamentos para doenças crônicas, como artrite.“Na área médica, a inflação é diferente da inflação comum. Ela tem que acrescentar o custo de novos procedimentos, das novas tecnologias que entraram em vigor”, afirma Arlindo de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo.O reajuste é retroativo a maio.
Como o aumento só foi autorizado no fim de julho, quem, por exemplo, tem plano que fez aniversário em maio, vai pagar a diferença desses três meses de maneira parcelada, até outubro.Denise Giardina já compromete quase metade do salário com o plano. Um aumento desse tamanho assusta a secretária. “O salário não sobe isso. Você não tem só plano de saúde para pagar. Você tem toda a sua vida, você tem impostos, tem luz, tem água, tem telefone, tem que comer, tem que vestir”, diz.A Agência Nacional de Saúde Suplementar informou que as empresas privadas conseguem descontos nas negociações com as operadoras de planos de saúde. E que, por isso, usa os aumentos dos planos coletivos como referência para os planos individuais.Ainda segundo a agência, no caso de planos individuais e familiares antigos, que não tenham o índice de reajuste estabelecido no contrato, o reajuste máximo será de 9%.