A Associação Médica Brasileira (AMB) diz que abrir mão do segundo ciclo – dois anos a mais na graduação de medicina propostos pelo Programa Mais Médicos – mostra “o grau de improvisação do governo”. A AMB voltou a criticar o programa nesta quarta-feira (31) após o governo apresentar uma proposta que mantém o curso de medicina com seis anos e torna obrigatória a residência médica no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2018.
Segundo o diretor da entidade, José Bonamigo, as entidades médicas – Conselho Federal de Medicina (CFM), Federação Nacional de Medicina (Fenam) e Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR) – decidiram em reunião em São Paulo que não dialogarão com o governo até que a Medida Provisória (MP) 621/2013, que cria o programa, seja derrubada no Congresso Nacional. As entidades reúnem-se novamente nesta quinta-feira (1°) em Brasília.
“Não há condições para ampliar nem a residência médica [para atender a todos os formandos - hoje apenas 50% conseguem vaga], nem as faculdades de medicina na velocidade que o governo quer”, diz Bonamigo.
Na outra ponta, a do ensino, as instituições de ensino particulares receberam a notícia da residência com otimismo, com isso, o curso continua com seis anos. Segundo o Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, a residência obrigatória no SUS é positiva “desde que seja proporcionado o ambiente adequado para a prática”, diz o assessor do fórum, Solon Caldas.
Caldas critica, no entanto, a obrigatoriedade. “A residência no SUS deve ser opção do aluno”. De acordo com o assessor, a maioria dos alunos busca uma especialização, mas nem sempre no SUS.
Conselho
O CFM diz que oferta universal de residência médica aos recém-formados, na rede pública de saúde, até 2018, dificilmente alcançará a qualidade necessária. O vice-presidente da entidade, Carlos Vital, disse que “não há, hoje, condições suficientes para que isso [a universalização da residência médica] se torne realidade em cinco anos”, e acrescentou que a ação “pode vir a ser configurada como mais uma forma de serviço civil obrigatório, em pseudo forma de residência”.
Carlos Vital, disse que a residência médica é uma reivindicação da categoria. Ele acredita que deve haver uma vaga por estudante, o que não acontece hoje. Segundo o Ministério da Educação, cerca de 50% dos recém-formados não encontram vaga. Para o médico, a proposta de ampliação do número de vagas apresentada pelo governo tem muitas lacunas.
O vice-presidente do CFM diz também que o problema não é apenas a oferta de vaga, mas a valorização de certas áreas como a medicina da família – uma das áreas mais carentes do SUS. Atualmente, das cerca de 12 mil vagas de residência ofertadas, 9 mil são preenchidas.
Vital criticou a forma como o programa Mais Médicos está sendo implementado, por medida provisória (MP). Ele antecipou que CFM vai atuar no Congresso Nacional para que a MP seja derrubada.