O governo adiou em pelo menos uma semana o início das atividades dos médicos estrangeiros e brasileiros formados no exterior no programa Mais Médicos. Pelo cronograma, os profissionais deveriam começar a trabalhar na segunda, dia 16. Oficialmente, o governo diz que os bolsistas pediram uma semana extra de formação. Na prática, ganha-se tempo para resolver ações judiciais, falhas e resistências até na concessão de licenças de trabalho.
O Ministério da Saúde alega que o adiamento acontecerá porque esses médicos passarão por uma semana de acolhimento nas capitais em que vão atuar para conhecer peculiaridades locais. Será uma formação complementar, afirmou o ministro, Alexandre Padilha. Esse acolhimento, porém, não estava previsto no cronograma. A estada dos profissionais ainda será acertada com os Estados.
Um dos principais entraves está no fato de que vários Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) se recusam a fornecer o registro provisório a esses profissionais sem que eles façam a revalidação oficial do diploma e apresentem a comprovação de proficiência na Língua Portuguesa. Além disso, como o Estado mostrou anteontem, por causa da demora no pedido oficial de registro provisório, outros conselhos - como São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul - ameaçavam só liberar licenças após o dia 18.
É um fator de prejuízo para o programa, afirmou ontem o secretário de Gestão de Trabalho e de Educação de Saúde, do Ministério da Saúde, Mozart Sales. Ele acompanhou o ministro Luís Inácio Adams, da Advocacia-Geral da União (AGU), ao Tribunal Regional Federal (TRF-5), no Recife, para protocolar recurso contra a decisão da Justiça Federal do Ceará, que desobrigou o Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec) de fornecer os registros aos médicos que vão atuar naquele Estado. Segundo a AGU, há 57 ações contra o programa em andamento (mais informações nesta página).
De acordo com o ministério, o governo decidiu promover essa semana de acolhimento porque houve demanda dos médicos. Os profissionais vão ter compreensão da média e alta complexidade, vão entender como funciona a rede de referência em cardiologia, uma central do Samu, a regulação de leitos, afirmou o secretário.
Mais problemas
Além do Ceará, ontem o Conselho Regional do Espírito Santo negou o pedido de registro provisório de dois médicos que trabalhariam no programa. O órgão entrou com ação civil pública contra o Mais Médicos dia 20.
E os problemas não acabam por aí. O conselho de São Paulo, por exemplo, diz que recebeu documentos incompletos, feitos em cópias simples, sem traduções oficiais, o que dificultaria a análise dos dados. Por isso, o ministério agendou uma visita ao local amanhã, a fim de fazer uma conferência da documentação. (Colaborou Lígia Formenti). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.