Pesquisa aponta que apenas 30% das pessoas sabem o que é pré-diabetes, condição favorável ao desenvolvimento de diabetes tipo 2 altamente relacionada à obesidade e quando ainda há a possibilidade de reverter o quadro com a mudança de estilo de vida. Levantamento feito em parceria entre a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) com o laboratório farmacêutico Abbott, médicos entrevistados destacaram a mudança de hábito alimentar como o principal fator de sucesso para o controle do pré-diabetes e diabetes.
No entanto, para 60% dos pacientes pesquisados, esse é o passo mais difícil a ser incorporado na rotina, ficando à frente da perda de peso e da atividade física. Ao todo, 95% dos pacientes dos médicos entrevistados têm dificuldades como o controle de peso, dieta saudável e exercícios regulares. A pesquisa foi feita nas capitais São Paulo e Rio de Janeiro.
A aposentada Maria Isabel de Oliveira, de 58 anos, descobriu há pouco mais de uma semana, em um exame de rotina, que tem pré-diabetes. A mineira, que está acima do peso e sempre teve massas e doces entre os pratos preferidos, está determinada a não se tornar diabética. "Já investi na mudança da alimentação, está sendo difícil mas estou seguindo a dieta. O próximo passo é entrar na academia", disse Isabel.
De acordo com o endocrinologista da SBD, João Salles, a taxa normal de glicose no sangue é até 99 miligramas por decilitro (mg/dl). Quando esta taxa está entre 100 mg/dl e 125 mg/dl, o caso é considerado pré-diabetes e acima disso diabetes. "Diabetes é uma condição em que a glicose não consegue ser absorvida pelo organismo. No tipo 1, o paciente não tem insulina. No tipo 2, a insulina não age".
O especialista esclareceu que o que causa o diabetes tipo 2 não é comer doce e, sim, ganhar peso, principalmente na barriga. "A pessoa pode não ser obesa no todo, mas se tiver obesidade abdominal deve ficar alerta para o diabetes", reforçou.
Na fase de pré-diabetes, em que ainda há insulina sendo produzida, uma alimentação saudável e a prática de exercícios são os caminhos mais adequados para a reversão do quadro. Quando o diabetes está instalado, muito dificilmente há retorno, "são poucos os casos, acontece mais em pessoas extremamente obesas e que conseguem uma redução drástica de peso", disse Salles.
Dados do Ministério da Saúde mostram que 5,6% dos brasileiros são diabéticos. O diagnóstico da doença também aumenta conforme a idade da população, já que o diabetes chega a atingir 21,6% dos idosos - maiores de 65 anos - e apenas 0,6% das pessoas na faixa etária de 18 a 24 anos.
Segundo a SBD, 90% dos casos de diabetes são do tipo 2. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, se o diabetes não for tratado de forma adequada, pode surgir complicações, como retinopatia (alteração na retina), nefropatia (alteração no rim), neuropatia, pé diabético, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.
Por ser pouco sintomático o diabetes, na maioria das vezes, permanece por muitos anos sem diagnóstico e sem tratamento o que favorece a ocorrência de complicações no coração e no cérebro. Também pode aparecer sintomas como urinar muito, ter muita sede e cansaço. Um exame de dosagem de glicemia em jejum, geralmente incluído nos exames de rotina, pode detectar o distúrbio.
Salles frisou que o Brasil é o quarto país do mundo em número de diabéticos. Segundo o endocrinologista, falta informação sobre o que causa e como evitar o diabetes tipo 2. "Mudanças nos hábitos de vida podem evitar esse quadro, não é difícil, falta informação para a população", ressaltou.