Um relatório da empresa de pesquisa Research and Markets indica que o mercado de aplicativos de saúde e bem-estar para dispositivos móveis - chamado de mHealth - deve passar por três fases. Depois da inicial, vem o estágio de comercialização das tecnologias, marcado pelo desenvolvimento de soluções e modelos de negócio. Na terceira fase, espera-se que esses apps se tornem parte dos planos de tratamento dos médicos.
Atualmente, as principais críticas ao uso de sistemas para acompanhamento da saúde e bem-estar no celular são sobre os riscos de uso isolado, sem acompanhamento médico, entre outras razões, porque esses aplicativos usam informações de médias populacionais para calcular resultados, tendo menos eficácia que uma análise personalizada dos dados.
Já quando usados como uma ferramenta extra pelos médicos, podem gerar big data para ajudar na prevenção de doenças e permitir um monitoramento a distância mais eficaz de aspectos da saúde do paciente. "Há uma tendência de os médicos acolherem esses sistemas. A tecnologia não substitui o médico, mas o torna mais necessário para interpretar os dados", diz o presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, Durval Ribas Filho.
Profissionais da saúde já estão empreendendo nessa área. O aplicativo para gestão de dieta TecnoNutri, que tem 1 milhão de usuários, foi criado pela nutricionista Cláudia de Freitas e o empresário Márcio Freitas. "Percebemos a dificuldade do médico fidelizar o tratamento a partir do momento em que o paciente sai do consultório", diz Márcio. "Quando o usuário começa a controlar seus próprios números, passa a ter um poder preventivo inédito."
As empresas farmacêuticas e desenvolvedoras de produtos na área de saúde e bem-estar também já começam a produzir suas próprias soluções. Uma fabricante de colírios procurou a Pontomobi recentemente com o interesse de produzir um aplicativo para lembrar os usuários de reaplicar o produto no intervalo correto. "Percebemos um interesse crescente por esse tipo de solução, primeiro porque você estimula o uso, e, depois, porque aumenta a eficiência do tratamento", diz Terence Reis, da Pontomobi.
Marcio Pissardo, da Livetouch, desenvolvedora do aplicativo de controle de peso NutraBem, aposta que os planos de saúde e laboratórios também vão se apropriar cada vez mais das tecnologias para celular. "A tendência é as pessoas terem no smartphone o registro da evolução da sua saúde e que os próprios laboratórios comecem a ceder esses registros."
Os próximos dois anos devem ser fundamentais para o fortalecimento do mercado de mHealth. "Com o início das vendas do Google Glass no ano que vem, novas soluções devem surgir para melhorar a qualidade da interação", diz Reis, que aposta em um futuro no qual operadoras de saúde ofereçam benefícios como descontos para quem usar aplicativos regularmente.