Pelo menos 1,2 mil pacientes deixaram de ser atendidos pelo Programa Mais Médicos em Indaiatuba, a 107 quilômetros de São Paulo, até a tarde desta quinta-feira, 17, em razão do atraso no registro dos profissionais formados no exterior. A aprovação da Medida Provisória (MP) 621/2013, permitindo que o Ministério da Saúde seja responsável pela emissão do registro, trouxe alívio para os quatro médicos do programa que estão na cidade desde o dia 23, mas continuam impedidos de trabalhar. "Estou ansiosa porque sei que a população precisa muito de nós", disse a médica Silvana Picozzi, brasileira formada na Itália. "Assim que puder atender, vamos recuperar esse atraso."
Apesar da aprovação da MP, os médicos que esperam a licença provisória não começam a atender de imediato. De acordo com o secretário de Comunicação de Indaiatuba, Odair Gonçalves da Silva, a emissão dos registros pode levar pelo menos dez dias. Uma espera que desagradou à dona de casa Cássia Ropeletto Sakamoto, de 33 anos, que tinha consulta agendada na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Califórnia. "É triste para a população saber que tem médico e não poder usufruir, já que eles estão impedidos de trabalhar por causa dessa burocracia."
Dos cinco profissionais destinados pelo programa do governo federal à cidade, apenas uma médica brasileira atende a população - e enfrenta sobrecarga de trabalho. Os outros quatro estão há quase um mês à espera de autorização para fazer atendimentos. Eles limitam-se a acompanhar as equipes do Programa Saúde da Família e a dar orientações aos pacientes. O médico Lucírio Gonçalves de Morais Filho, brasileiro formado em Moscou, acha que a espera não foi tempo perdido. "Deu para conhecer as pessoas com as quais vou trabalhar e também para a gente se familiarizar com a rede de saúde. Assim que o registro sair, vamos poder começar o trabalho com mais segurança."