Resultados indicam que gasto com pessoal
representa entre 50% e 90% do total da atenção básica no
Brasil
O Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) apresentou nesta segunda-feira (9), em Brasília, um
estudo com resultados parciais dos custos da atenção básica, com
foco no componente de recursos humanos em saúde. A partir das
informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), o
artigo aponta a remuneração dos médicos como o principal componente
dos custos com recursos humanos em saúde.
O valor médio nacional das equipes
de saúde da família (ESF), padronizado para uma carga horária de 40
horas semanais, ficou em R$ 18 mil sem encargos – variando de R$
16,2 mil no Nordeste a R$ 25,6 mil no Centro-Oeste. Estes custos
foram superiores ao estimados em pesquisa realizada pelo Núcleo de
Educação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Minas Gerais
(Nescom/UFMG) em 2010 – R$ 13,1 mil, variando de R$ 12,7 mil no
Nordeste para R$ 14,9 mil na região Norte.
Desenvolvida pelas técnicas de
Planejamento e Pesquisa do Instituto Luciana Servo e pela técnica e
Roberta da Silva Vieira, a pesquisa integra o projeto Necessidade
de financiamento da atenção básica, uma parceria entre o Ipea e o
Ministério da Saúde, com o objetivo de estimar a quantidade de
recursos adicionais necessários para implantação da atenção básica
conforme preconizado na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)
e na Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde (Renases).
Para os profissionais das equipes
de saúde bucal (ESB), o valor médio estimado é de, aproximadamente,
R$ 6 mil e R$ 7 mil, respectivamente, para as modalidades I e II
(técnico e técnico/auxiliar em saúde bucal), variando de R$ 4,4 mil
no Nordeste a R$ 7,1 mil no Sul (modalidade I) e R$ 5,1 mil no
Nordeste a R$ 8,2 mil no Sul (modalidade II). De acordo com as
estimativas de Nescom/UFMG foram, em média, de R$ 3,4 mil e R$ 4,1
mil, respectivamente para as duas modalidades.
Adicionando-se os encargos
trabalhistas, obtém-se um custo de recursos humanos estimado em,
aproximadamente, R$ 24,4 mil para as ESF e R$ 7,9 mil e R$ 9,2 mil
para as ESB, modalidades I e II, respectivamente.
Atratividade
Os resultados indicam que o gasto com pessoal representa entre 50%
e 90% do total da atenção básica. Ao se aplicar estes percentuais
aos custos estimados de recursos humanos para simular o custo total
da atenção básica, considerando uma ESF mais uma ESB modalidade I,
obtém-se R$ 35,8 mil (aplicando o percentual de 90%), R$ 53,8 mil
(aplicando percentual de 60%) e R$ 64,6 mil (para o percentual de
50%).
Para as autoras, as informações
apresentadas baseiam-se numa análise estática, que não estima que
nível de remuneração seria capaz de atrair e fixar os profissionais
necessários para a formação das equipes. Apesar de ser um fator
importante para atrair trabalhadores, estudos na área mostram que,
a partir de um determinado nível de salário, fatores não
financeiros também se tornam importantes, principalmente para
médicos.