Entre um dos grandes problemas
enfrentados por indústrias e empresas de todo o País está em como
se desfazer de equipamentos que já não são mais úteis na operação
diária, mas ainda possuem condições de uso e reutilizar as peças
daqueles que podem ser desmontados. Por falta de um programa de
recolhimento e destinação correta destes resíduos no Serviço de
Limpeza Pública do Distrito Federal, há anos o Laboratório Sabin
vem tentando fechar parcerias com companhias particulares de
reciclagem.
Para isso, o laboratório decidiu
investir num projeto mais estruturado para a melhoria da gestão
desse material, dando uma destinação social e ambiental adequada e
que, principalmente, estivesse de acordo com a Política Ambiental e
de Responsabilidade Social da empresa e de normas relacionadas (ISO
14001). Chamado de Gestão de Resíduos Eletroeletrônicos com
Responsabilidade Social, o programa foi implementado no começo de
2012 e demandou um investimento de R$ 30 mil. Foi todo desenvolvido
e implementado pelos colaboradores da empresa, sem a ajuda de
consultorias externas. Participaram do trabalho as áreas
de TI, manutenção, responsabilidade social e sustentabilidade
do Sabin. “Pensamos em aliar reciclagem com parceria social”, conta
a diretora técnica do Laboratório Sabin, Sandra Soares
Costa.
Mensalmente, a empresa precisa se
desfazer de aparelhos de televisão e geladeiras e um grande volume
de equipamentos como monitores, teclados e computadores, já antigos
e lentos para o uso. De todo esse material, o que ainda pode ser
usado é encaminhado para projetos beneficentes administrados pelo
Instituto Sabin, organização social criada em 2005 pelo
laboratório. As doações são entregues aos jovens aprendizes do
Projeto Pescar e aos menores atendidos pelas creches de outro
projeto, o Criança e Saúde. “Usamos a nossa própria estrutura de
TI, onde nossos colaboradores desmontam e montam novamente alguns
equipamentos e com isso os entreguem para as creches, dando mais
uma oportunidade para que as crianças trabalhem e aprendam com a
informática”, conta a executiva.
Além dos projetos sociais
coordenados pelo Instituto Sabin, o laboratório buscou a parceria
com outra organização, a Programando o Futuro, que atua na área de
inclusão digital e mantém uma Estação de Metarreciclagem em
Samambaia, cidade satélite de Brasília. A ONG busca capacitar
jovens para o mercado de trabalho e incentivar o uso apropriado das
tecnologias da informação e comunicação. Os equipamentos
eletroeletrônicos recebidos passam por uma triagem, depois são
desmontados e recondicionados, quando possível. O restante é
vendido para empresas de reciclagem. O dinheiro arrecadado gera
renda para custear a manutenção da entidade. O trabalho da
Metarreciclagem é considerado como referência nacional no
setor.
E todo um material que teria como
destino o lixo acaba ganhando um propósito bem mais nobre. “Todo o
processo de montagem e desmontagem de computador é um espaço para a
formação dos jovens em situação de vulnerabilidade de risco”,
garante Sandra. “A região de Samambaia é carente e muitos deles
convivem diariamente com situações de violência”. Assim como a ONG
Programando o Futuro, o Projeto Pescar do Instituto Sabin também é
direcionado aos jovens. O programa, com duração de nove meses,
prepara os alunos para se tornarem auxiliares administrativos. “As
crianças que participam do projeto são selecionadas a partir de
critérios socioeconômicos e da vulnerabilidade em que se
encontram”. Parte do investimento total do projeto de gestão de
resíduos do Laboratório
Sabin foi utilizada justamente na ampliação, adequação e
reforma física de salas para que os alunos do Pescar pudessem
estudar no espaço onde o programa acontece.
Maior laboratório da região Centro-Oeste do País, o
Sabin tem mais de 20 unidades somente na região do
Distrito Federal e mensalmente precisa administrar o descarte de
uma grande quantidade de material, já que investe continuamente na
atualização de equipamentos e softwares. Em 2012, a empresa doou
800 quilos de componentes de informática e este ano foi reciclada
uma média de 350 quilos.
Além da capital federal, a empresa
atua também em outros seis estados: Goiás, Amazonas, Pará,
Tocantins, Bahia e Minas Gerais. “Nosso plano para 2014 é estender
o projeto de gestão de resíduos eletroeletrônicos para todas as
unidades da rede”, afirma a executiva. O Instituto Sabin já
desenvolve ações sociais em todas estas regiões, mas o principal
desafio do laboratório nestes locais é encontrar entidades com
expertise e capacidade de receber, processar e destinar
adequadamente os resíduos e equipamentos como a Estação
Metarreciclagem faz em Samambaia. E o mais importante: que a
reciclagem tenha como finalidade a ajuda ao próximo e a inclusão
social.