“Santas casas não têm necessidades básicas supridas. Gestão, tão relevante para melhoria dos processos e atendimento, ficará em segundo plano”
No 23º Congresso da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp), que aconteceu no mês de maio no Guarujá, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin anunciou um repasse de R$ 13,2 milhões para as santas casas e hospitais beneficentes. Desde a data, outros incentivos da mesma natureza têm sido dados às instituições, algumas, inclusive, receberam repasses extras. A notícia mostra que o governo tem consciência da importância da rede filantrópica e de que seu serviço é fundamental no Sistema Único de Saúde (SUS). Em cidades do Interior, por exemplo, as santas casas, na maioria das vezes, são os únicos estabelecimentos de saúde dos municípios.
No entanto, apesar de todos esses fatos, ainda estamos longe de investimentos que supram as necessidades dos estabelecimentos. Os recursos são necessários para que os hospitais beneficentes adequem não apenas a estrutura física, mas também adotem tecnologias para que a população usufrua de um atendimento de qualidade. Com maior poder financeiro, os hospitais filantrópicos passarão a optar por soluções que diminuam seu custo operacional e o capacitem a desenvolver projetos que beneficiem seus pacientes.
Na última Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) no Brasil, divulgada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic), os dados apontam que apenas 49% dos hospitais utilizam a tecnologia para realizar diagnósticos, problemas ou condições de saúde e só 40% usam os sistemas para prescreverem medicamentos. Com isso as informações clínicas cruciais para a geração de conhecimento permanecem apenas em papéis. Isso mostra que ainda existe um passo importante a ser dado no sentido de utilizar essas informações na tomada de decisões que otimizem a gestão da área médica.
Não basta ter infraestrutura e automação. Hoje, os hospitais têm computadores e internet, a pesquisa mostra isso – 94% dos estabelecimentos utilizam computadores e 91% têm acesso a internet. No entanto, o uso da tecnologia ainda está restrito a rotinas operacionais básicas como cadastro de pacientes.
A tecnologia, na atualidade, é uma grande aliada na melhoria e otimização dos atendimentos em saúde, cumpre um papel fundamental na gestão dos hospitais e na troca de informações nos processos operacionais, basta utilizar também para gestão do paciente e tratamentos. No entanto, é relevante ressaltar que, se as santas casas não têm as necessidades básicas supridas, a gestão, algo tão relevante para melhoria dos processos e atendimento, ficará em segundo plano.
Nesse sentido, algumas empresas de tecnologia já dispõe de prontuário eletrônico que possibilita a interação do corpo clínico. Hospitais que utilizam essa ferramenta ganham não só em produtividade, mas também em distribuição de conhecimento e minimização de erros. Dessa forma, com processos internos bem consolidados e que utilizam ferramentas para gestão do paciente, as instituições tem ao seu dispor informações ricas para a tomada de decisões.
Com melhoria clínica e operacional, o atendimento torna-se mais eficiente e aqueles municípios que dependem de uma santa casa podem oferecer à população um serviço de saúde cada vez melhor. Gerir é primordial, mas, para que isso se cumpra, o básico deve ser provido. Repasses são animadores, no entanto, deve-se avançar mais para que os recursos de adequem ao cenário atual.